Pandemia se espalha, mas governo Bolsonaro segue priorizando interesse empresarial. Mais de 60% dos cortes de Bolsa Família são no Nordeste
Por Cláudia Motta – da RBA
São Paulo – Estudo conduzido pelo Observatório Covid-19 BR informou que deve passar de 3 mil os casos confirmados na terça-feira (24). A tendência é que ele dobre a cada 54 horas e 43 minutos no nosso país. Apesar do avanço dessa crise que tornará ainda mais frágil a situação da população mais pobre, o governo Jair Bolsonaro atende demanda de grandes empresas em prejuízo à população brasileira. Em um mesmo dia, o Ministério da Cidadania fez cortes do Bolsa Família. E o Ministério da Saúde anunciou ontem (19) que o governo vai liberar R$ 10 bilhões aos planos de saúde. O dinheiro viria de um fundo garantidor, composto por recursos das operadoras e vinculado à Agência Nacional de Saúde (ANS).
O Nordeste foi novamente a região mais prejudicada pelos cortes do Bolsa Família. Foram 96.861 (ou 61,1%) bolsas a menos na região que responde por metade dos benefícios totais do país.
O governo Bolsonaro havia prometido ampliar o programa diante do aprofundamento da crise pela covid-19. Mas não cumpriu.
Os governadores do Consórcio do Nordeste divulgaram nota de protesto em que cobram do governo federal a suspensão do corte de benefícios do Bolsa Família. E enviaram ofício ao ministro Marco Aurélio Mello, solicitando manifestação do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os cortes.
Governo fracassou
O médico sanitarista Pedro Tourinho considera catastrófica a gestão de crise feita pelo governo federal. “Não conseguiu se antecipar, garantir a aquisição de testes em quantidade suficiente para garantir a demanda na fase de contenção da doença no Brasil. E por isso a fase de contenção fracassou”, avalia. “Não por acaso, o número de casos no Brasil é espantoso, preocupante e a gente sabe que ainda existe um problema de subnotificação.”
Diante dessa situação, ressalta médico, o governo Bolsonaro não repassou novos recursos ao SUS. “Mas está anunciando R$ 10 bilhões para os planos de saúde. O governo Bolsonaro não abre mão dos seus compromissos genocidas de favorecer sistematicamente apenas a elite que o apoiou”, critica. “E tem mais: a teimosia, a demora do governo federal em enfatizar a necessidade de fechamento de equipamentos comerciais, em restringir radicalmente a socialização das pessoas, a demora em reconhecer essa necessidade, vai custar caríssimo em termos de vidas. Estamos falando de muitas e muitas vidas que podem ser perdidas por causa dessa morosidade, dessa falta de compreensão do governo.
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