Pela equidade racial. Embora… Por acaso

Por Nilma Bentes*

O dia 21 de Março foi escolhido para marcar vários eventos e ressaltar a importância de outros. Além do “Dia Internacional contra a Discriminação Racial” (massacre em Shaperville, África do Sul, 1960), temos também segundo Wikipédia (da qual  muitas pessoas falam mal, mas é uma fonte bastante utilizada): o  Dia Internacional da Astrologia, Dia Universal do Teatro, OMS — Dia Mundial do Sono, UNICEF — Dia Mundial da Infância, UNESCODia Internacional da Síndrome de Down, ONU — Dia Mundial da Floresta, UNESCODia Mundial da Poesia. Mas neste 2020 em que a população mundial está quase que inteiramente em pânico por causa da disseminação do corona vírus (covid19), resta tentar fazer um liame dessas celebrações sinalizadas no 21 Março, via um “ Embora-Por acaso”:

Embora nem todos acreditem em horóscopo, todo mundo já olhou para o lindo céu salpicado de astros e estrelas. Embora nem todo mundo tenha participado de peças teatrais, todo mundo acaba sendo protagonista nesse grande palco do seu próprio viver. Embora haja os que prefiram estar acordados e ligados 24 horas, não há como resistir a um sono inteiramente restaurador de energias. Embora possam não ser mais criança, um dia todo adulto já foi. Embora nem todos foram acometidos ou  possuam parentes com alteração no cromossoma 21, a síndrome de Down ocorre em indivíduos de todas as raças. Embora a energia Oxossi proteja pessoas nas florestas, agora as florestas precisam de Oxossi para defendê-la de humanos insanos. Embora nem todas as pessoas sofram discriminação racial, nós negras  e negros somos vítimas até em nosso chão-África, no qual surgiu a humanidade toda. Por fim, embora não seja poeta, segue o  `Por acaso´

Por acaso meu sangue não é vermelho como o teu?

Por acaso o ar que respiras tem cor diferente do que entra em mim?

Por acaso minhas lágrimas não são transparentes como as tuas?

Por acaso tens três corações? Dois fígados? Dois estômagos? Eu tenho um só!

Por acaso tua dor tem cor diferente da minha dor?

Por acaso tua sombra te abandona?

Por acaso o maior órgão do teu corpo trabalha diferente do meu, só por causa da cor ?

Por acaso sabes qual poeta falou: “quando é muita a emoção, ela transborda do coração e derrama pelos olhos, até em multidão”?

Por acaso achas que vou da luta desistir? Então cabe ecoar a regra: “Desistir? Não sei o que é isso. Sou mulher negra!”

21.03.2020

(*) Ativista negra

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