Nota de Solidariedade do MAB às famílias atingidas pelos alagamentos e rompimentos de barragens no Sertão de Crateús e Inhamuns, no Ceará

No Mab

Como já é esperado pelos camponeses nordestinos, o mês de março é de fortes chuvas, que animam em especial aqueles que vivem da terra. Porém, as chuvas, que deveriam ser motivo de festa e alegria no mês de São José – o santo das chuvas do Nordeste – foram motivo de tristeza, desespero e dor para milhares de famílias que vivem na região dos Inhamuns e Crateús, no Ceará.

Com as fortes chuvas que iniciaram a partir do dia 14 de março, várias barragens se romperam na região, provocando cheia dos rios e alagamentos em áreas rurais e urbanas. A força da água e o volume crescente dos rios na região invadiram e derrubaram casas, danificaram plantações inteiras e deixaram ilhadas e sem acesso milhares de famílias. Só nos municípios de Tauá, Novo Oriente e Quiterianópolis choveu em três dias o total de 337 milímetros, causando rompimento de sete açudes e elevando as águas do Rio Poti.

Em Crateús, município que fica logo abaixo, as águas deixaram um raio enorme de destruição. Bairros foram atingidos e vias foram interditadas. Até o momento nenhuma barragem rompeu, mas há várias em risco eminente. Cerca de 400 famílias estão desabrigadas.

No município de Hidrolandia, a chuva do dia 25 foi suficiente para causar o rompimento de algumas barragens pequenas causando o elevamento do Rio Batoque, deixando mais de 500 famílias desabrigadas.

A problemática na região é grave, pois temos milhares de desalojados e desabrigados, acentuando ainda mais a crise que estamos vivendo na saúde por conta do novo Coronavirus, que atinge frontalmente o estado do Ceará. Cobramos que essas famílias tenham um tratamento rápido e eficaz por parte do Estado, que seja garantido alojamento emergencial com tudo o que for necessário para a preservação da vida, e que as medidas de prevenção à contaminação do Coronavírus sejam asseguradas.

O Movimento dos Atingidos por Barragens já vem denunciando a situação preocupante das barragens e açudes no Ceará. Pequenos e médios reservatórios de propriedade particular e comunitário não constam sequer no mapeamento de Segurança de Barragens, e muito menos tem recebido vistoria por parte do Estado, para poder avaliar e garantir sua segurança.

Neste sentido, nos solidarizamos com todas as famílias atingidas da região e cobramos do governo Federal, como também do governo Estadual uma Política de Segurança para as populações que vivem em áreas de risco, ameaçadas por rompimentos de barragens. Cobramos que o Estado garanta uma ampla fiscalização em todos os açudes e barragens, e que garanta recuperação de reservatórios que servem para o abastecimento de cidades, comunidades, assentamentos e reassentamentos.

Águas para vida, não para a morte!

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