Lockdown, live, home office, take away. E o português, cadê?

por Maya Santana, no 50emais

Eu sou jornalista. Significa que faço uso das palavras para realizar o meu trabalho de comunicar. E a língua portuguesa é o celeiro onde me sirvo da matéria prima para compor meus textos. Por isso, talvez, me incomode tanto ver a abundância de anglicismos, o exagero de termos estrangeiros, empregados rotineiramente nas entrevistas das autoridades, nos noticiários de TV e de rádio, na mídia impressa, em toda parte.

Em plena pandemia do coronavírus, por exemplo, quando todos precisam compreender bem as informações, a todo instante deparamos com um lockdown (fechamento, isolamento, bloqueio), live (ao vivo), delivery (entrega em casa), take away(levar embora), coronavoucher(vale corona ou vale emergencial). A toda hora surge um novo termo, uma nova expressão em inglês, normalmente, e a maioria não se importa em reproduzir, sem se dar ao trabalho de traduzir para a grande massa de brasileiros.

Alguns outros anglicismos que vêm sendo muito usados: home Shooling (educação escolar em casa), home office ( usar sua casa como escritório), guideline (guia) e a própria covid-19, sigla em inglês de Corona Virus Disease. O numeral se deve ao fato de o vírus ter sido descoberto em 2019.

Tudo bem, vão dizer que é a globalização. Mas é preciso parar e raciocinar: em um país onde milhões de pessoas têm dificuldade para entender a própria língua, por que importar palavras que confundem ainda mais o brasileiro? Esta manhã, um amigo me perguntou: “O que é lockdown? Meu amigo é razoavelmente letrado. Pensei: se ele não sabe, quantos milhões não estão entendendo?

Participando, neste sábado(9), de uma teleconferência sobre como o novo coronavírus vai se espalhando pelo Brasil, o ex-ministro da Saúde, Luis Henrique Mandetta, ao comentar a possibilidade da cidade do Rio “adotarum lockdown,” fez a seguinte observação: “Não gosto de usar palavras americanas ou européias. Temos uma lingua dadivosa, que deveríamos usar( mais)”, disse, traduzindo o termo inglês como “quarentena rígida”.

Pensando em tudo isso, em como valorizamos pouco nosso belo idioma, decidi postar este vídeo que a professora de português Cidinha Baracat gravou na semana passada, para celebrar, em 5 de maio, o Dia Internacional da Língua Portuguesa. Um vídeo feito para enaltecer a nossa Língua Pátria, como deveríamos todos fazer.

Em nome da informação clara, mais português e menos anglicismos:

Comments (1)

  1. Têm todo o meu apoio no combate dessa invasão.

    É um crime o que muitos estão fazendo com a nossa língua.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.

11 − quatro =