Amazônia: Operação militar contra desmatamento gastou menos de 1% do que prometeu

ClimaInfo

A principal iniciativa do governo Bolsonaro para conter o desmatamento e as queimadas da Amazônia, a Operação Verde Brasil 2, executou apenas 0,7% de seu orçamento de R$ 60 milhões em pouco mais de seis semanas, o que tem causado problemas para os militares e os fiscais que estão em campo combatendo ilegalidades.

De acordo com André Borges no Estadão, até a última 6ª feira (3/7), somente R$ 2,323 milhões do orçamento previsto tinham sido empenhados, o que equivale a 3,8% do valor total. Do valor empenhado, no entanto, apenas R$ 454 mil tinham sido efetivamente pagos, menos de 1% do planejado. A operação foi oficialmente iniciada no dia 11 de maio. O Ministério da Defesa, que coordena a operação, confirmou que ainda não recebeu os recursos prometidos pelo governo, mas rejeitou que isso esteja impactando negativamente as ações em campo.

Enquanto o comando-e-controle fraqueja, o governo insiste em facilitar regras e criar incentivos que podem gerar ainda mais desmatamento. Ontem, o vice-presidente Mourão participou de um debate virtual com a Frente Parlamentar da Agropecuária e defendeu o PL 2.633, o “PL da Grilagem” que flexibiliza o processo de regularização fundiária de Terras Públicas griladas: “Não adianta única e exclusivamente a repressão, a fiscalização. Se nós não tivermos mecanismos e instrumentos, que deem capacidade para as pessoas que estão na terra terem a sua titulação, nós continuaremos um eterno jogo de gato e rato na busca de impedir que ilegalidades ocorram”.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, defendeu em entrevista à Globonews uma mudança completa na orientação da política ambiental brasileira: “O mais importante não é trocar o ministro [do meio ambiente]. Se trocar o ministro e mantiver a mesma narrativa, não resolve nada. O mais importante é mudar a sinalização para a sociedade.”

Em tempo 1: O editorial do Estadão de ontem (6/7) sintetiza o tamanho do problema político, econômico e diplomático criado pela política ambiental tresloucada de Bolsonaro: “O Brasil levou muitos anos para construir a boa reputação que permitiu ao país exercer soft power na seara da proteção ambiental. Todo este valioso capital político está sendo queimado, sem trocadilho, pelo absoluto descaso do governo de Jair Bolsonaro com as medidas relacionadas à proteção do meio ambiente, algo visto pelo presidente e seu ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, como uma agenda ‘esquerdista’. Trata-se de mais um equívoco que põe o Brasil na inédita e desonrosa posição de pária internacional.”

Em tempo 2: Doze procuradores do Ministério Público Federal entraram na justiça com “ação de improbidade administrativa contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por ‘desestruturação dolosa’ e ‘esvaziamento’ de políticas ambientais ‘para favorecer interesses que não têm qualquer relação com a finalidade da pasta’. A Procuradoria pede à Justiça que conceda liminar para afastar o ministro do cargo”, relata Giovana Girardi no Estadão. Para o MPF, Salles teria atuado em série de atos, omissões e discursos que caracterizariam conduta intencional “com o objetivo de fragilizar a atuação estatal na proteção do meio ambiente”.

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