COVID-19: Nações Unidas pedem mais apoio a povos indígenas na região amazônica

Por ONU Brasil

As Nações Unidas em Brasil, Colômbia e Peru estão pedindo um aumento nos esforços de apoio e resposta na região amazônica, à medida que a COVID-19 continua em alta na região, afetando centenas de milhares de pessoas indígenas.

O número de casos e vítimas de COVID-19 está aumentando rapidamente na América Latina, com mais de 7,8 milhões de casos e 317,9 mil mortes até 22 de julho.

A situação de aproximadamente 170 mil pessoas que vivem em áreas remotas ao longo do rio Amazonas, na fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, é particularmente preocupante. Mulheres, crianças e homens de comunidades indígenas estão enfrentando algumas das mais altas taxas de incidência da doença.

Como resultado da pandemia, e apesar dos esforços empreendidos pelos três governos para responder à crise, há temores crescentes sobre a capacidade das instituições de saúde de lidar com a situação e salvar vidas.

O cenário é agravado por vários meses de medidas estritas de distanciamento social. Essas medidas, que foram tomadas para mitigar a disseminação da COVID-19, tiveram duras consequências socioeconômicas que provocaram fome generalizada ao ameaçar a segurança alimentar, o estado nutricional e os meios de subsistência dessas comunidades já vulneráveis e agravando também as desigualdades de gênero.

No Brasil, a OPAS/OMS prestou apoio técnico ao Ministério da Saúde na preparação do Plano Nacional de Contingência COVID-19 para a População Indígena.

Várias ações foram implementadas na região amazônica, particularmente nos estados de Roraima e Amazonas, para expandir a capacidade dos serviços de saúde e prestar assistência à população indígena, incluindo expansão da capacidade da UTI, distribuição de equipamentos de proteção individual aos trabalhadores da saúde e atenção à saúde para populações indígenas que vivem em áreas urbanas.

A distribuição de kits de higiene e alimentos, vacinação e tradução de materiais de prevenção COVID-19 para idiomas indígenas foram algumas das medidas adotadas no Brasil para atender às necessidades dessas populações.

Na Colômbia, graças ao isolamento dos casos, às medidas de distanciamento social e à implementação do plano de contingência elaborado pelo Ministério da Saúde e Proteção Social, com apoio técnico da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), nas regiões amazônica e Orinoquía, a velocidade com que o vírus se espalha vem diminuindo, o que demonstra a eficiência dessas medidas.

Na capital da região amazônica colombiana, Letícia, 90,9% dos pacientes com COVID-19 estão agora recuperados, 4,4% estão recebendo tratamento em casa, 3,1% estão hospitalizados e 0,3% estão em UTI. As Nações Unidas na Colômbia também foram capazes de oferecer rapidamente uma primeira linha de resposta, graças ao envio de equipes de avaliação de resposta rápida para a região.

Com o apoio da OPAS, foram contratados quatro médicos e três enfermeiros, enquanto suprimentos médicos, como ventiladores, remédios e equipamentos de proteção individual, foram entregues ao hospital San Rafael, em Letícia. Além disso, foi entregue uma cápsula de isolamento à Força Aérea Colombiana, para permitir o transporte de pacientes críticos.

O Programa Mundial de Alimentos (WFP) organizou três voos na Colômbia, permitindo o envio de trabalhadores humanitários, bem como a entrega de 44 toneladas de alimentos juntamente com os kits de higiene do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da Organização Internacional para as Migrações (OIM), beneficiando, no total, cerca de 9,5 mil pessoas entre a população mais afetada que precisa de assistência humanitária.

No Peru, está sendo preparada uma estratégia urgente de resposta à saúde, humanitária e de recuperação precoce da ONU para os povos indígenas de Loreto e os distritos que fazem fronteira com o Brasil e a Colômbia.

A ONU já está realizando ações em favor das populações indígenas da Amazônia no país, uma vez que mais de 40 concentradores de oxigênio e equipamentos de proteção individual (EPI) foram doados, em coordenação com o Comando Nacional de Operações COVID-19, do Ministério da Saúde peruano, as comunidades e o governo regional de Loreto.

Da mesma forma, foi dada assistência técnica para monitoramento por meio da sala de situação COVID-19, enquanto são realizadas campanhas de comunicação intercultural para os mais vulneráveis da região amazônica peruana.

Apesar desses esforços, a capacidade de resposta permanece limitada, pois a escassez de financiamento está dificultando significativamente a atuação dos atores humanitários para atender as necessidades identificadas.

“Nosso trabalho é complementar e tenta superar os desafios logísticos e programáticos únicos da região, para garantir a proteção dos direitos humanos dos povos indígenas”, afirmou Niky Fabiancic, coordenador-residente da ONU no Brasil.

“Apelamos a uma maior solidariedade internacional para ampliar nossa resposta às comunidades indígenas nessa região e complementar os esforços nacionais para atender as suas necessidades”, acrescentou Igor Garafulic, coordenador-residente da ONU no Peru.

O Sistema ONU tem colaborado estreitamente com os três países para planejar a resposta na região de fronteira.

“As Nações Unidas continuarão apoiando os esforços dos governos. A coordenação entre os três países será fundamental para garantir a resposta na fronteira”, afirmou Jessica Faieta, coordenadora-residente da ONU na Colômbia.

A resposta conjunta se concentrará em fornecer apoio adicional à saúde, alimentos e água, saneamento e higiene para as comunidades da região amazônica, à medida que os recursos forem disponibilizados.

As Nações Unidas em Colômbia, Peru e Brasil disseram estar totalmente comprometidas com o apoio aos governos e comunidades da região amazônica diante da pandemia de COVID-19 e de suas consequências.

Foto: Carlos Eduardo Ramirez/Agência Brasil

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