Devido à falência estrutural de sucessivos governos e dinâmicas de racismo institucional, os quilombos não contam com um sistema de saúde estruturado, ao contrário, os relatos da maior parte dos quilombos é de frágil assistência e da necessidade de peregrinação até centros de saúde melhor estruturados. As condições de acesso à água em muitos territórios é motivo de preocupação, pois também dificulta as condições de higiene necessárias para evitar a propagação do vírus. Essa situação tende a ser agravar exponencialmente com as consequências sociais e econômicas da crise da COVID 19 na vida das famílias quilombolas.
Desde 11 de abril quando foi registrado o primeiro óbito entre quilombolas, no período de 122 dias morreu, morreu em média, 1 quilombola por dia, nesta data de 11 de agosto a Coordenação nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) denuncia 151 óbitos e o contínuo descaso do Estado brasileiro.
São 151 óbitos em 16 dos 24 Estados com quilombos certificados e/ou em processo de certificação. Desses, 28% estão no Estado do Pará que também lidera o número de quilombolas contaminados e com suspeita, colocando a Região Norte do Brasil como a mais letal diante da proliferação do coronavírus nos territórios quilombolas, 51,2% dos casos mapeados pela Conaq em todo o Brasil.
A desigualdade do enfrentamento ao Coronavírus já se mostra evidente nos quilombos, e será devastador se a doença mantiver este ritmo de alastramento e letalidade. A CONAQ tem chamado atenção para fatores estruturais alarmantes sobre as consequências da proliferação da COVID-19 nos territórios quilombolas.
Fonte: Ascom Conaq