Sob vista grossa do Exército, garimpo ilegal atua sem restrições no sul do Amazonas

ClimaInfo

A poucos metros da base do 54º Batalhão de Infantaria de Selva do Exército, em Humaitá (AM), dezenas de balsas de garimpo operam ilegalmente 24 horas por dia no rio Madeira. Na Folha, Fabiano Maisonnave e Lalo de Almeida mostraram como a presença militar na região – que tem um peso simbólico extra, por ser a terra natal do pai do vice-presidente Mourão – não causa nenhuma dificuldade para os garimpeiros, mesmo com as Forças Armadas chefiando a Operação Verde Brasil 2, que tem como objetivo exatamente impedir a atuação desses criminosos na Amazônia.

A região de Humaitá é conhecida pela reação violenta dos garimpeiros a ações de fiscalização. Em 2017, escritórios do Ibama e do ICMBio foram incendiados depois que fiscais destruíram balsas utilizadas pelo garimpo. Até hoje, os dois órgãos seguem sem presença física na região. Com a ausência dos fiscais e a omissão dos militares, os garimpeiros hoje atuam sem qualquer restrição.

A situação em Humaitá reforça o ceticismo que muitos especialistas e ambientalistas em relação à possibilidade das Forças Armadas seguirem na linha de frente do combate aos crimes ambientais na Amazônia, conforme defendido por Mourão. Na CBN, Míriam Leitão comentou o processo de esvaziamento dos órgãos ambientais, que estão perdendo atribuições, recursos e autoridade para os militares, que não possuem expertise ou experiência efetiva em ações de fiscalização ambiental. “A opção por militarizar não faz bem. As FFAA são parte do combate, os outros órgãos também têm funções a desempenhar. Mas o atual ministro do meio ambiente está lá para desmontar a máquina pública responsável pelo combate ao desmatamento. Os militares, então, são convocados para fazer o mesmo trabalho”.

Em tempo: No sábado (5/9), a Folha mostrou as dificuldades das comunidades indígenas no rio Xingu cada vez mais ameaçadas pelo avanço do desmatamento e do garimpo, além de invasões de terras. Nas Terras Indígenas Apyterewa e Trincheira Bacajá, a omissão do governo federal em expulsar forasteiros impulsionou novas ondas de invasões de posseiros. Com isso, em 2019,  Apyterewa perdeu mais de 8,4 mil hectares de floresta, e Trincheira Bacajá, 5,6 mil hectares.

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