Mourão embarcou na velha “intriga da oposição” para defender os resultados ruins do governo no combate às queimadas e ao desmatamento na Amazônia. Ontem (15/9), ele criticou “alguém lá dentro [do INPE] que faz oposição ao governo” pela divulgação e repercussão de dados negativos sobre a Amazônia. “Quando o dado é negativo, o cara vai lá e divulga. Quando é positivo, não divulga”, reclamou.
Ao contrário do que o general-vice dá a entender, os dados do INPE são públicos e estão disponíveis em uma plataforma digital aberta a todos na internet. Logo, não existe uma pessoa em particular com poder de escolher o que é divulgado e o que não é.
Enquanto Mourão procura desculpas para a incompetência ambiental do governo, os números mostram o tamanho da crise na Amazônia. A Folha mostrou que os primeiros 14 dias de setembro registraram mais queimadas na floresta do que os 30 dias de setembro de 2019: 20.485 neste ano contra 19.925 em 2019. Em média, 1,4 mil queimadas estão sendo registradas por dia neste mês.
Reuters, Poder360 e Metrópoles destacaram o “desabafo” do vice-presidente.
Em tempo: A Polícia Federal cumpriu ontem cinco mandados de prisão e 48 de busca e apreensão em empresas e casas de empresários e proprietários rurais suspeitos de se beneficiarem com fraudes no sistema do Ibama que extinguiam embargos fiscais a imóveis rurais na Amazônia Legal. De acordo com a investigação, os criminosos alteravam informações para desfazer o registro de embargo das propriedades. O prejuízo estimado para os cofres públicos é de aproximadamente R$ 150 milhões, que somam multas que não foram recolhidas e o descumprimento dos embargos na região. CBN, G1 e O Globo repercutiram a operação.