Os superpoderes da Anajure, a associação de juristas evangélicos que quer um Brasil teocrático

Com apoio de Bolsonaro, entidade fundada por Damares tem influência decisiva na Defensoria Pública, no MEC e no Itamaraty.

Por João Filho, no The Intercept Brasil

A DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO, órgão federal que presta assistência jurídica gratuita aos mais pobres, mudou a maneira como escolhe seu chefe após a chegada do bolsonarismo. Antes, os defensores públicos elegiam uma lista tríplice e a submetiam ao presidente da República, que obrigatoriamente deveria escolher um dos três nomes. Mas uma nova etapa foi introduzida nesse processo seletivo. Agora, os candidatos precisam passar pelo crivo de uma entidade representativa dos evangélicos, a Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure), que tem entre seus fundadores a ministra Damares Alves.

Os três candidatos da lista tiveram que passar por uma sabatina terrivelmente evangélica promovida pela entidade. Essa sabatina, claro, não faz parte oficialmente do processo de escolha do novo chefe da DPU, mas isso não importa. O bolsonarismo não trabalha com esse tipo de formalidade. A chancela evangélica virou algo tão fundamental, que todos os três candidatos fizeram questão de participar e demonstrar alinhamento ideológico à turma. Após entrevistar os candidatos, a Anajure escolheu Daniel Macedo Pereira, o segundo da lista, e enviou um ofício ao presidente da República fazendo a recomendação. Bolsonaro acatou prontamente.

Uma reportagem da Piauí deste mês contou em detalhes como funciona o lobby evangélico comandado pela Anajure e o alcance do seu poder dentro do governo Bolsonaro. Nesse ofício enviado ao presidente, fica claro que o principal critério de escolha dos juristas evangélicos para chefiar a DPU foi a defesa intransigente “do direito à vida desde a concepção” — a velha obsessão com o aborto. Informaram o presidente que Daniel Macedo tinha se comprometido a criar “um grupo de trabalho em defesa dos direitos do nascituro”. A DPU é um órgão que historicamente apoia mulheres em situação de risco que, muitas vezes, recorrem ao aborto legal. Esse é o principal motivo da predileção da Anajure pelo aparelhamento do órgão.

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Imagem: Outras Palavras

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