Racismo estrutural na mobilidade urbana

ClimaInfo

Desde os anos 1960, realizam-se pesquisas origem-destino aplicadas à gestão de mobilidade urbana no Brasil. No entanto, até pouco tempo atrás, elas ignoravam um aspecto importante para entender os fluxos dentro do sistema e a exposição a riscos de acidentes – a raça. A última edição do Mapa da Desigualdade, publicado pela Casa Fluminense, tentou preencher essa lacuna e apontou para um dado surpreendente: mais de 80% das vítimas de atropelamento ferroviário na região metropolitana do Rio de Janeiro em 2018 eram negras.

ITDP Brasil mergulhou nessas informações e destacou como a falta de dados estatísticos confiáveis sobre raça prejudica a definição e implementação de políticas de mobilidade urbana que considerem a questão racial de maneira estrutural. “O racismo está naquilo que a cidade escolhe enxergar”, comentou Glaucia Pereira, da Multiplicidade Mobilidade Urbana. A matéria mostrou também exemplos de organização comunitária que tentam desenvolver soluções próprias de mobilidade. Um dos casos apontados é o do app Ulbra, criado por moradores do bairro paulistano da Brasilândia para facilitar carona entre os habitantes em uma região tida como perigosa por serviços de transporte mais famosos, como o Uber. Outro foco foi a questão do transporte público, um serviço essencial que sofre de limitações estruturais que dificultam o acesso, a oferta e o uso por parte dos cidadãos negros nas periferias do país. Em diversas cidades, a realidade é a mesma: poucas linhas de ônibus e veículos para a realização do transporte, ao custo de tarifas cada vez mais altas.

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