Las Marianas: a força das mulheres na Revolução Cubana

Há 62 anos a Revolução continua a nos inspirar na resistência e nos desperta a reconhecer o poder e o valor das mulheres

Por Simone Magalhães*, na Página do MST

Nesse 04 de Janeiro, três dias após as comemorações do triunfo da Revolução Cubana no 1º de janeiro de 1959, vamos lembrar também de mais um importante feito e legado da Revolução: a garantia da participação e o reconhecimento das mulheres no fazer revolucionário da Ilha.

Após o triunfo do Exército revolucionário, que derrotou a ditadura de Fulgêncio Batista, no dia 02 de janeiro de 1959, Fidel Castro partiu de Santiago de Cuba para a capital do país com a Caravana da Liberdade. A Caravana, composta por estudantes, operários e camponeses, contou com uma unidade de combatentes especial, o pelotão Mariana Grajales. O Pelotão de Mulheres revolucionárias, formado por treze jovens na faixa dos 17 anos, sobretudo de origem camponesa, foi organizado em 03 de setembro de 1958 pelo Exército Rebelde para combater na Sierra Maestra, ao lado de Célia Sanchez e Fidel Castro.

Mesmo antes de se constituírem em unidade de combate, as corajosas mulheres já vinham realizando tarefas arriscadas, levando remédios, armas, alimentos, arrecadando dinheiro aos rebeldes e fazendo denúncias do regime de Batista. Mas, ao subirem a Sierra, estiveram ombro a ombro com os demais guerrilheiros, assumindo posição na primeira linha de fogo.

Sob o comando da enfermeira rebelde Isabel Rielo e de Tetê Puebla, as mulheres do pelotão Mariana Grajales participaram de combates armados e realizaram importantes missões, as quais lhes colocaram em perigo iminente frente ao exército inimigo.

Afirmou Fidel certa vez, por ser questionado por armar as mulheres com os melhores fuzis (o M-1): “Te voy a decir por qué, porque son mejores soldados que tú!”

A unidade combatente de mulheres do Exército Revolucionário recebeu esse nome em homenagem à Mariana Grajales, la madre de la Pátria, mulher preta, combatente, que durante dez anos subiu montanhas, cuidou de feridos, cruzou rios e combateu pela independência de Cuba no século XIX. Mariana é símbolo do patriotismo cubano e do heroísmo nacional, porque não apenas se dedicou pessoalmente à luta pela Independência Cubana, como também estimulou os seus filhos Maceo a lutarem pela libertação do país.

Quando a Caravana da Liberdade partiu de Santiago de Cuba rumo à Capital, Las Marianas entram com Fidel Castro em Havana no dia 08 de janeiro de 1959.

Daí em diante, o pelotão Mariana Grajales assumiria diferentes tarefas como realizar o censo da reforma agrária, o desenvolvimento de trabalho solidário, enquanto outras companheiras se incorporaram em diversas unidades militares.

Há 62 anos a Revolução Cubana continua a nos inspirar na resistência ao capitalismo e nos desperta a reconhecer o poder e o valor das mulheres combatentes e revolucionárias nesse processo. Ademais, o esforço da revolução em reconhecer a força organizada das mulheres e a sua participação ativa demonstra que as revolucionarias e os revolucionários estavam cientes de que não podiam protelar no combate às discriminações de gênero e raça; como agora, sabiam quão imperativo é derrotar o machismo e o racismo para fazer brotar a sociedade democraticamente transformada.

*É integrante do setor de educação do MST e do Coletivo Terra, Raça e Classe do MST
**Editado por Wesley Lima

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