Irmã Dorothy: Irmã dos povos das florestas

Após 16 anos do martírio de Dorothy, o chão da nossa Amazônia segue banhado a sangue. Hoje lembramos também a memória de nossos mártires da luta pela terra, pelos rios e florestas para seguir fazendo a Amazônia: lugar de Luta e Utopia.

Por Reynaldo Costa, da Página do MST

Uma vida por todos os tipos de vida. Defender as florestas é mais que defender vidas humanas, constitui-se uma proteção complexa a todos os tipos de seres que daquele espaço necessitam para a sua existência. As florestas nos guardam uma vastidão de recursos que propriamente protegem a vida, medicamentos naturais, grandiosas nascentes de rios que percorrem centenas de quilômetros saciando e alimentando todas as vidas em seu curso.

A Irmã Dorothy Mae Stang, missionária da Comissão Pastoral da Terra (CPT), invocou isso à milhares de camponeses, ribeirinhos, populações diversas das florestas. Ela trabalhou com estes povos a importância da vida respeitando o meio ambiente. Lutou contra todas as formas de agressões às matas. Pagou com a própria vida.

Não vou fugir nem abandonar a luta desses agricultores que estão desprotegidos no meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a uma vida melhor numa terra onde possam viver e produzir com dignidade, sem devastar”.

Dorothy Mae Stang

Neste 12 de fevereiro completam-se 16 anos do assassinato covarde de Irmã Dorothy pelas mãos do latifúndio, um dos braços cruel do capitalismo selvagem na Amazônia. Tombou no assentamento Esperança em Anapu (PA), uma comunidade rural que apresentava, naquele momento, um novo modelo de produção respeitando ao máximo as florestas, o Projeto de Desenvolvimento Sustentável.

Irmã Dorothy tornou-se um dos maiores símbolos de resistência para o Movimento Sem Terra, que desde suas origens preza assiduamente pela proteção de todos os recursos naturais e formas de vida.

O MST presta homenagens a todos os momentos desta missionária: Dorothy Stang é lembrada nos núcleos de bases do Movimento, nas “palavras de ordem”, que invocam uma ação contra uma tal ordem que destrói e mata. esde então muitos dos assentamentos de reforma agrária nos estados da Amazônia, principalmente Pará e Maranhão, receberam Projetos de Desenvolvimento Sustentáveis, os PDS. São assentamentos que tem restrições maiores sobre os manejos das matas.

No Maranhão a homenagem se manifesta em Presidente Vargas, no leste do estado, 600 famílias vivem em um acampamento que se chama “Irmã Dorothy”. Alzerina Montello, dirigente do MST na região, aponta que a escolha do nome se deu pela simbologia da história da Irmã Dorothy na defesa dos direitos humanos na região Amazônica.

No Pará, uma das homenagens é no assentamento João Batista II, na Regional Cabana, próximo a Belém. Lá, a principal praça da comunidade leva o nome de Dorothy Stang. Jane Cabral, da Direção Nacional do MST no Pará, diz que a missionária é uma daquelas pessoas que são imprescindíveis. “O legado de um lutador lutadora não morre, ela tinha sempre um sorriso aberto, um abraço acolhedor e um pulso firme para luta, uma pessoa que decidiu, desde a década de 70, fazer a luta com trabalhadores rurais no Xingu-PA. É dessa Irmã Dorothy que lembramos nos nossos espaços do MST”, concluiu.

A luta da missionária da CPT não foi em vão!

Irmã Dorothy: Presente!

*Editado por Fernanda Alcântara

Imagem: Irmã Dorothy (Foto: Arte: Comunidades de Vida Cristã do Brasil – CVX)

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