Ibama manda contratar pessoal para centro de tratamento onde mais de 600 animais morreram em 4 meses

A autorização foi dada pelo superintendente regional do Ibama, o contra-almirante da reserva da Marinha Alexandre Dias da Cruz, horas após o RJ2 denunciar nesta segunda (22) a situação precária dos animais no local que fica em Seropédica, na Baixada Fluminense.

Por André Trigueiro, RJ2

O Ibama autorizou a contratação de pessoal para o Centro de Tratamento de Animais em Seropédica, na Baixada Fluminense, onde mais de 600 animais morreram nos últimos quatro meses por falta de tratadores.

A autorização do Superintendente Regional do Ibama, o contra-almirante da reserva da Marinha, Alexandre Dias da Cruz, foi dada horas após o RJ2 denunciar nesta segunda (22) a situação precária em que se encontravam os animais.

Serão contratados da empresa Cemax Administração e Serviço LTDA, oito tratadores diurnos e dois noturnos pelo prazo de 12 meses.

Maus-tratos e abandono

Como mostrou a reportagem, são 1,2 mil bichos vítimas de maus tratos por traficantes que lucram com o comércio ilegal de aves, macacos e outras espécies.

O espaço é responsável pelo tratamento e recuperação dos animais feridos. No entanto, o Ibama não renovou o contrato com as empresas terceirizadas responsáveis pelo serviço dos tratadores.

Segundo testemunhas, os animais chegaram a ficar 50 dias sem qualquer assistência.

Um documento revela que, desde setembro do ano passado, o superintendente tinha conhecimento da necessidade de contratar empresas para cuidar do centro. Ele designou servidores para planejar a contratação de equipe de tratadores de animais.

O contra-almirante Alexandre foi nomeado para o cargo no Ibama em março de 2019 pelo ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.

Uma das primeiras medidas do superintendente foi exonerar o fiscal do Ibama, servidor de carreira do instituto, José Augusto Morelli.

Foi o fiscal exonerado quem autuou e multou o então deputado federal Jair Bolsonaro por pesca ilegal na estação ecológica Tamoios, em Angra dos Reis.

Rogério Rocco foi superintendente regional do Ibama por três anos. Professor de direito ambiental, ele considera grave a omissão da superintendência neste caso.

“É como uma espécie de hospital de animais. Você precisa de um tratamento permanente, de um ambiente limpo, de profissionais habilitados pra esse tratamento. A renovação do contrato deve ser providenciada antes do seu vencimento para que quando ele vença já haja um novo contrato, eventualmente com novas equipes. Mas não pode haver esse lapso, porque o cuidado com os animais é cotidiano, ele é diário. Então não pode deixar sem contrato. Perder um contrato desse é má gestão, é negligência. E esse evento configura inclusive crime contra o meio ambiente”, afirmou o professor.

Depoimentos à PF

Três funcionários do centro de tratamento prestaram esclarecimentos nesta terça-feira (23) na sede da Polícia Federal (PF) na Praça Mauá. Nesta quarta, será a vez do superintendente regional do Ibama prestar depoimento.

O caso está sendo tratado como crime ambiental e é investigado pela PF e pelo Ministério Público Federal (MPF).

O Ibama e Ministério do Meio Ambiente informaram que mandaram representantes ao centro de triagem em Seropédica,. Eles disseram ainda que estão tomando medidas para impedir que a situação se repita e para apurar as responsabilidades.

Mais de 600 animais morrem em centro de tratamento do Ibama — Foto: Arquivo Pessoal

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.

19 − 8 =