Uma investigação feita pelo Greenpeace Internacional revelou que grandes fazendas que usaram fogo no auge dos incêndios de 2020 no Pantanal mantêm relações comerciais com grandes empresas no Brasil e no exterior, fornecendo carne bovina para frigoríficos, varejistas e redes de fast-food. Segundo a análise, em apenas 15 propriedades produtoras de carne do Pantanal foram registrados 73 mil hectares de áreas queimadas no ano passado, em um período em que o uso de fogo estava proibido por autoridades federais e estaduais. Essas mesmas propriedades possuem um longo histórico de irregularidades ambientais, como desmatamento e incêndios ilegais.
As fazendas identificadas pela investigação forneceram gado para ao menos 14 instalações de processamento de carne das três gigantes do setor no Brasil – JBS, Marfrig e Minerva. Entre 1º de janeiro de 2019 e 31 de outubro de 2020, essas instalações exportaram mais de meio milhão de toneladas de carne bovina e produtos derivados de carne, no valor de quase US$ 3 bilhões, para destinos como Hong Kong (22%), China (21%), União Europeia e Reino Unido (8%) e Estados Unidos (1%). O Valor repercutiu essa notícia e ouviu algumas das empresas citadas pelo Greenpeace, como JBS e Minerva.
Em tempo 1: No HuffPost, Dom Phillips fez uma reportagem interessante sobre o impacto cada vez maior do agronegócio no Cerrado, uma das áreas de savana mais rica em termos biológicos do mundo e um grande sumidouro de carbono. Ele também destaca a importância desse bioma para o fornecimento de água no Brasil – e como isso está sendo comprometido com o avanço da atividade produtiva sobre a terra.
Em tempo 2: O senador Brian Schatz, do estado norte-americano do Havaí, apresentou nesta semana um projeto de lei para impedir que produtos agrícolas associados ao desmatamento de florestas tropicais sejam importados aos EUA. Se prosperar, essa proposta deve intensificar a pressão política e comercial sobre o Brasil, chamuscado nos últimos tempos por conta do desgoverno ambiental de Bolsonaro. Jamil Chade deu mais detalhes no UOL. Vale ver também a entrevista de Schatz para a CBS News.