A intensificação do desmatamento, a flexibilização das leis ambientais e o sucateamento dos órgãos de fiscalização e controle estão causando uma explosão de atividades mineradoras irregulares no Brasil, especialmente aquelas relacionadas com a exploração do ouro. Somente no ano passado, a Polícia Federal apreendeu cerca de 355 kg de ouro extraído ilegalmente no país, um peso 130% maior que o registrado em 2019. Na Folha, Flávio Ferreira e Fabiano Maisonnave descreveram como esse boom do garimpo deixou de ser uma preocupação apenas para as organizações ambientais e entrou no radar de autoridades na linha de frente do combate à corrupção e à lavagem de dinheiro.
A principal preocupação dessas autoridades está em eventuais desdobramentos internacionais da incapacidade do governo brasileiro em combater a exploração ilegal de ouro. Nos próximos meses, uma equipe do Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI), que atua como referência global para o setor, deverá visitar o Brasil e a detecção dessas fragilidades pode resultar no rebaixamento da avaliação do país no quesito dos mecanismos de combate à lavagem de dinheiro, impondo assim mais obstáculos à atração de investimentos internacionais.
A reportagem destacou o estado de penúria vivido pela Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização dessas atividades: o órgão conta apenas com 750 servidores para cobrir o Brasil inteiro e, desde 2010, não foi realizado nenhum concurso público para repor os funcionários aposentados. O ex-diretor da ANM, Eduardo Leão, que deixou o posto no mês passado por conta dessa situação, alertou que a falta de mão de obra deve piorar até o ano que vem, já que cerca de 40% do corpo atual de servidores deverão se aposentar.