O governo entreguista, privatista e corrompido de Bolsonaro, que se sustenta no Centrão gelatinoso da baixa política, listou 2.263 imóveis para passar nos cobres, no Rio.
O “Feirão de Guedes”, visando fazer caixa para o ano eleitoral, é um literal “arrasa-quarteirão”. Entre os prédios que podem ser excluídos do patrimônio público está o Palácio Gustavo Capanema, no centro do Rio, que sedia vários órgãos (hoje esvaziados) da Cultura e do MEC. A Unesco analisa o prédio, obra brasileira mais citada em livros de arquitetura em todo o planeta, para inseri-lo como Patrimônio Mundial.
São 16 andares históricos, traçados pelo arquiteto franco-suíço Le Corbusier, desenvolvido pelos então jovens Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Carlos Leão, Affonso Reidy, Machado Moreira e Ernani Vasconcellos. Tem paisagismo com jardins suspensos de Burle Marx, esculturas de Bruno Giorgi e azulejos e 18 afrescos e telas de Portinari, além do seu magistral painel “Jogos Infantis” (uma espécie de “antiGuernica”, por evocar a paz e a alegria das crianças). Abriga uma sala de espetáculos e parte do acervo da Biblioteca Nacional. Símbolo da modernização e da capacidade nacional, foi inaugurado por Vargas em 1945.
Agora o governo inimigo da Cultura e estimulador do armamentismo (inspirado em Goebbels, da Alemanha nazista, que teria dito que ‘quando ouço a palavra cultura, saco meu revólver’) quer vendê-lo para o mercado privado por R$ 30 milhões – 1/3 do que foi gasto na sua restauração, ainda em curso.
O secretário de privatizações do Ministério da Economia, sr. Mac Cord, é claro no seu intento obscurantista: “qualquer empresa pode apresentar proposta para qualquer imóvel público. Se houver interesse, tentaremos vender. Não sei quanto foi gasto na reforma, mas somos ineficientes na gestão desses imóveis. A iniciativa privada fará melhor uso”.
Expressando o repúdio geral, o arquiteto Sérgio Magalhães considera a hipótese da venda um “escândalo mundial”: “trocá-lo por alguns dólares é uma ofensa não só ao Rio, mas ao próprio país”.
Mais uma vez, vamos resistir! Vamos abraçar esse patrimônio público com tanto valor simbólico – arquitetônico, artístico, cultural -, alvo hoje de uma “ruína dirigida” para favorecer negociatas por parte do governo federal.
Todo dia vem um disparate desse (des)governo, que tem seus dias contados, mas continua a fazer a mais terrível obra de destruição do país.
ATO SEXTA, 16 H, NOS PILOTIS DO PRÉDIO!
Fonte: Chico Alencar
–
O pilotis do projeto de Le Corbusier, com o mural de azulejos pintados por Cândido Portinari. Foto: José Peres /JB