Bolsonaro embarcou na manhã de ontem (19/9) para Nova York, onde abrirá a Assembleia Geral da ONU na próxima 3ª feira. O brasileiro causou polêmica antes mesmo de viajar aos EUA: ele será o único líder do grupo das 20 maiores economias do mundo (G20) a participar presencialmente do evento sem ter se vacinado contra COVID-19.
Os assessores do presidente querem que ele fuja de polêmicas no discurso na ONU. De acordo com a Folha, a ala “moderada” do governo, se é que esta existe, espera que Bolsonaro faça um discurso menos agressivo, com sinalizações positivas quanto à disposição de Brasília para agir contra a crise climática e proteger o meio ambiente.
Mas Bolsonaro parece pouco disposto a adotar um tom moderado. Em discurso a apoiadores na última 6a feira, ele disse que pretende falar “verdades, realidade do que é o nosso Brasil e do que nós representamos verdadeiramente para o mundo”. Na sua live semanal, Bolsonaro também afirmou que pretende usar o discurso na ONU para defender o marco temporal para demarcação de Terras Indígenas, quando deve repetir a falácia segundo a qual a sua derrubada no STF poderá causar o “colapso” do agronegócio brasileiro.
Sobre o argumento fantasioso de Bolsonaro contra os Direitos Indígenas à terra, o Metrópoles ouviu especialistas e destacou que a associação feita pelo presidente entre o crescimento da inflação e o julgamento do caso pelo Supremo Tribunal Federal (STF) não faz sentido algum. “O comentário se apoia numa desinformação do público em geral para disseminar, intencionalmente, um certo pânico. Sabemos que estamos vivendo uma inflação terrível e o presidente se apoia num discurso baseado no desconhecimento da população para reforçar um antagonismo que, historicamente, levou à violência sistemática contra os Povos Indígenas”, analisou a antropóloga Luísa Molina.
A promessa de “verdades” feita por Bolsonaro foi repercutida por CNN Brasil, Correio Braziliense, Estadão, UOL e Valor, entre outros.
Em tempo: O Brasil precisa se reposicionar no debate ambiental, e isso passa por reverter a trajetória de devastação observada nos últimos anos sob Bolsonaro. Em conversa com o Estadão, Roberto Waack, um dos idealizadores do grupo Uma Concertação pela Amazônia, defendeu uma mudança de posição do governo brasileiro nessa discussão e a maior participação dos atores da sociedade civil e da iniciativa privada nessa agenda.