Preocupação dos brasileiros com crise climática não se reflete no Congresso Nacional

ClimaInfo

preocupação majoritária dos brasileiros com a crise climática e ambiental parece não repercutir entre seus representantes no Congresso Nacional. Uma pesquisa inédita ouviu 114 deputados federais e 17 senadores, além de assessores parlamentares de outros 23 membros da Câmara e 5 do Senado, para esclarecer a posição do Legislativo sobre a questão climática. Os resultados são frustrantes: embora 94% dos entrevistados afirmaram ter “muito interesse” pelo tema, apenas 29% deles defenderam a fiscalização contra o desmatamento como uma medida prioritária para combater a mudança do clima no Brasil.

Entre os partidários do governo Bolsonaro no Congresso Nacional, o desinteresse com meio ambiente e clima é ainda maior. Apenas 42% dos parlamentares governistas afirmaram ter preocupação com esses temas, bem abaixo dos 68% registrados entre os opositores de Bolsonaro no Legislativo. Da mesma forma, a gravidade da crise climática também tem níveis distintos de preocupação: enquanto 86% dos parlamentares contrários ao governo Bolsonaro disseram que o problema climático é muito sério, esse índice cai para 52% com os apoiadores do presidente.

“De forma geral, os dados mostram que, embora já vivamos em um estado de emergência climática, temos um Congresso em estado de letargia climática”, disse Mônica Sodré, diretora-executiva da RAPS, ao Estadão. “Conhecemos a gravidade do que estamos vivendo, mas o parlamento não está lidando com a gravidade do problema como deveria.” Além das entrevistas, a pesquisa analisou também discursos feitos pelos parlamentares entre janeiro de 2019 e julho de 2021, com o objetivo de identificar a frequência de citações a questões de meio ambiente e clima. No geral, 1.472 discursos foram analisados (6,3% do total), feitos por 262 deputados de 28 partidos. A sigla com mais discursos relacionados a esses temas foi o PT (460), seguido pelo PSOL (86) e PSB (85). O GloboPiauí e UOL também destacaram a pesquisa.

Em tempo: Organizações da sociedade civil divulgaram uma nota de repúdio ao pacote antiambiental apresentado pelo ministério da economia. A ideia da pasta de Paulo Guedes é flexibilizar o processo de licenciamento ambiental, sob a justificativa de “desburocratizar” a legislação e suas exigências socioambientais. “A proposta inclui licenciamento por decurso de prazo, dispensa de licença para aproveitamento de rejeito de mineração, redefinição do tamanho da Amazônia, incentivo ao Brasil para virar polo global de produção de agrotóxicos, entre outras medidas que nos levarão a cavar ainda mais o fundo do poço. O governo afirma que são demandas apoiadas pelo Movimento Brasil Competitivo, que tem em seu conselho representantes de empresas como Amazon, Microsoft e Google. Governo e iniciativa privada estão devendo explicações sobre esse absurdo”, afirmou Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

Foto: GeoBangla

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