Protesto do Dia da Consciência Negra reúne movimento negro na Avenida Paulista, em São Paulo

Equipe da Ponte está acompanhando a grande manifestação que também se manifesta contra o Governo Bolsonaro e sua gestão na pandemia, com a maioria das 610 mil vítimas sendo negra

Por Fábio Marton, na Ponte

Começando ao meio dia de 20 de junho de 2021, manifestantes de entidades do movimento negro e outras organizações políticas se concentraram em frente ao Masp para ato pelo Dia da Consciência Negra. A equipe da Ponte foi acompanhar a ação.

O protesto é organizado por Anatorg, Campanha Fora Bolsonaro Nacional, Central de Mídia das Frentes Brasil Popular, Coalizão Negra,  Convergência Negra e a Frente Povo Sem Medo. O mote é “Fora Bolsonaro Racista” e se articula em diversas cidades do país.

O protesto também lembra que o Dia da Consciência Negra tem 50 anos, desde quando, em 1971, ativistas do Grupo Palmeiras escolheram a data. Em 2003, entrou para calendários escolares, mas só foi institucionalizado como feriado nacional em 2011. Ou seja, 40 anos depois.

Longa e animada concentração

Dando início ao protesto, o templo umbandista Pai João de Angola fez uma saudação a Exu.

“Clamamos para ele vir conosco nessa luta na rua”, diz o babalorixá David Dias, 39, um dos que participaram da abertura.

David reivindica respeito às religiões de matriz africana e que as autoridades punam casos de intolerância religiosa. “Somos julgados por uma corte do STF que é fundamentalista, precisamos que os órgãos se posicionem e não continuem apagando nossa existência.”

Na sequência, o bloco Afro É Di Santo fez um aquecimento:

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A merendeira Rose Elói, 59, canta e toca há 15 anos no bloco. Mas foi a primeira vez que veio na marcha do Dia da Consciência Negra. “Vim ocupar meu espaço, o que a gente quer é respeito. Quando estou no bloco, a energia que eu troco com as pessoas é indescritível.”

O ato também inclui o repúdio à gestão do governo Jair Bolsonaro na condução da pandemia, que atingiu principalmente a população negra.

Uranide Cruz, 63, perdeu o sobrinho de 43 anos (cuja foto se tornou o cartaz no centro da imagem acima) para a Covid-19. “Ele foi mais um dos 600 mil que teve a vida dizimada por um genocida.”

Também houve repúdio à Prevent Sênior e cobrança por punição pela morte de pacientes com Covid-19. “Ela foi responsável por fazer testes em pessoas e incentivar a cloroquina, como o presidente Jair Bolsonaro, e tem sangue nas mãos”, diz Renato Rocha, 29.

“O povo preto, pobre e da periferia está mais uma vez na rua mostrando que não se conforma com esse o que acontece nesse país, que se fosse escrito por eles, nós não teríamos que estar aqui”, diz o poeta Sérgio Vaz.

“A luta está no meu DNA, então não tem como disassociar com o movimento social e marcar presença com o povo negro”, declarou Galo de Luta.

Em agosto, a ação de Galo contra a estátua de Borba Gato no bairro de Santo Amaro, São Paulo, repercutiu no país inteiro. Ele foi preso e é processado por questionar o enaltecimento de figuras como o bandeirante, que contribuíram para o genocídio das pops negra e indígena.

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Às 17h30, o ato começou a caminhar pela Avenida Paulista. Deve passar pela Rua da Consolação e será finalizado no Theatro Municipal.

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