Justificada suspeita reforçou a preocupação com o golpismo anti-eleitoral
Na Folha
Justificada suspeita reforçou a preocupação, retornada em crescendo duas semanas antes, com o golpismo anti-eleitoral. Nas formalidades, quem viajou à Rússia e à Hungria levava o título de presidente; na verdade, quem procurou Putin e Orbán foi o pretendente à reeleição.
Convidado há tempos, Bolsonaro só agora foi a Moscou por seu interesse em contar com a interferência cibernética dos russos na disputa eleitoral. Ao fascista, foi por tê-lo como seu orientador de golpismo, com intermediação mensageira de Carlos Bolsonaro.
A interferência de Moscou na derrota de Hillary Clinton para Trump, por cerrada emissão de fake news ao eleitorado americano, se feita no Brasil seria indefensável, como tem provado a indiferença do simples Telegram às restrições da Justiça Eleitoral. A ação russa nos Estados Unidos tornou-se a mais escandalosa, mas várias outras foram constatadas. Com os resultados pretendidos.
Os propósitos de transgredir a eleição brasileira ficaram comprovados com a tentativa de compra, por Bolsonaro, do equipamento Pegasus. Criado em Israel, é invasor de qualquer aparelhagem, para captar o uso ou introduzir os chamados conteúdos, mesmo que encontre as melhores defesas. Os israelenses vivem um escândalo de sustos e temores com a descoberta de que governantes, parlamentares e figuras de destaque, em número alto e ainda incompleto, estiveram invadidos desde o período de Netanyahu. O Pegasus opera equipamentos alheios com mais eficiência do que os donos.
Os israelenses disseram que a venda aos Bolsonaro foi recusada. Ao que se pode opor, primeiro, a absoluta inconfiabilidade de quem criou, produz, vende ou usa esse aparelho diabólico. Desde a promessa de mudança da embaixada brasileira para Jerusalém, Bolsonaro alimenta, não à toa, a relação com a direita extremista de Israel, sólida no poder e sem cerimônia no uso de seus recursos contundentes. E, se feita a venda em uma das investidas dos Bolsonaro, é óbvio que os dois lados a negariam. Não se sabe se o Pegasus será, ou não, disputante eleitoral em outubro. Em alguma escala, é provável que sim.
Apesar de motivo da preocupação, a interferência russa é incerta, até improvável, talvez. Para a batalha de hostilidades entre ocidentais e Rússia, os diferentes Lula e Ciro seriam melhores do que os iguais Bolsonaro e Moro. A inserção soberana do Brasil no contexto das decisões mundiais, obsessão de Lula, só não é conveniente para poucos, Estados Unidos à frente, sua serviçal Grã-Bretanha e adendos tipo Austrália. É possível que algum mais, digamos, por concorrência comercial, sabido que Bolsonaro é garantia de retrocesso em todas as atividades positivas. Marginal, cercado de ignorâncias negacionistas, ridicularizado, Bolsonaro nada significa no nível em que Putin faz sua esgrima.
Até que comece a campanha fervente, é mais a cibernética da direita extremista de Israel, e menos a cibernética eleitoreira da Rússia, que deve engrossar a expectativa de diferentes violências na disputa pela desprestigiada presidência brasileira
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Biden levou Rússia e China a comunhão estratégica sem precedente. Por Janio de Freitas
Sem motivação convincente, presidente acirrou as hostilidades com a Rússia e em seguida com a China
Na Folha
Joe Biden foi uma esperança fugaz —para quem teve alguma. Um de seus movimentos proporciona julgamento inapagável sobre sua capacidade presidencial: sem motivação convincente, acirrou as hostilidades com a Rússia e em seguida com a China —e levou-as a uma comunhão estratégica sem precedente, já firmada entre Xi Jinping e Putin. É uma derrota brutal para os Estados Unidos.
O esforço desatinado de Biden para atemorizar Putin, com represálias se invadida a Ucrânia, lembra uma possibilidade de efeitos fortes. Dominada a Ucrânia, não lhe seria difícil reavivar o esquisito caso dos negócios de um filho de Biden por lá, onde integrou a cúpula de grande empresa de energia, entre outras posições. Trump não concluiu a exploração política do confuso caso, também não liquidado pelos Biden nem pela Ucrânia.
Se não forem manobras, como afirmado pelos russos, a invasão lançará bombas poderosas na Ucrânia, na Rússia e nos Estados Unidos.
O FUTURO
“94% dos alunos do nono ano têm nível abaixo do adequado em matemática“. Parece notícia crítica ao ensino. Não. É antevisão do Brasil daqui a umas duas décadas, sob a competência dos 94% dessa geração de estudantes.
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Destaque: Coppo di Marcovaldo, Inferno (1260-70). Fragmento de mosaico do teto do Batistério de Florença