Na surdina, o governo brasileiro atualizou nesta 5ª feira (7/4) sua contribuição nacionalmente determinada (NDC) para o Acordo de Paris. O novo documento, divulgado pela UNFCCC, prevê uma redução de 37% nas emissões de gases de efeito estufa do país até 2025 e de 50% até 2030 em relação a 2005, além de incluir “um objetivo de longo prazo para alcançar a neutralidade climática até 2050”.
Entretanto, tal como sinalizado pelo Instituto Talanoa e o projeto Política por Inteiro em uma nota técnica, a nova NDC brasileira não corrige as distorções metodológicas do documento apresentado pelo país no final de 2020. À época, especialistas apontaram que uma alteração na linha de base dos compromissos de mitigação do país fez com que o total previsto de emissões de gases de efeito estufa para esta década fosse maior do que o assinalado na primeira versão da NDC brasileira, apresentada em 2015/2016.
“Além de permitir mais emissões – em relação ao compromisso de 2016, 314 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e) a mais para 2025, e 81 milhões de toneladas de CO2e para 2030 – a NDC de 2022 não internaliza os compromissos assumidos pelo Brasil na COP26 em relação a zerar o desmatamento em 2030 e reduzir as emissões de metano em 30% até 2030”, explicou a nota técnica.
“Quando submeteu, em 2020, as suas promessas para a ONU, o Brasil aumentou em 400 milhões de toneladas [o limite para 2030]. Agora ele entregou uma nova proposta que diz que o Brasil vai chegar em 2030 emitindo não mais 400 milhões extras, mas entre 70 e 80 milhões de toneladas a mais”, explicou Marcio Astrini, do Observatório do Clima, ao g1. “Continua sendo um retrocesso, num momento em que as Nações Unidas fazem um chamado para que os países aumentem suas ambições”.