Garimpeiros querem eleger candidatos ao Congresso para legalizar atividade

ClimaInfo

O garimpo ilegal na Amazônia não está satisfeito em ter apenas o apoio explícito do presidente da República e de seus aliados: agora, eles também querem eleger “representantes da classe” no Congresso Nacional. Leandro Prazeres abordou na BBC Brasil alguns dos pré-candidatos que concorrem tendo como plataforma a legalização da atividade garimpeira e o enfraquecimento da fiscalização e das leis ambientais. Não acidentalmente, quase todos eles pretendem concorrer em partidos que compõem a base de apoio do governo federal em Brasília.

Um dos nomes mais destacados é o do empresário Rodrigo Mello, vulgo “Rodrigo Cataratas”, que ganhou notoriedade por liderar um suposto “movimento popular” em favor do garimpo em Roraima. Dono de empresas de transporte aéreo, ele foi alvo de operações da Polícia Federal e do IBAMA por suspeita de transportar garimpeiros e ouro explorado ilegalmente. Ele também encabeçou protestos de garimpeiros em Boa Vista neste mês quando uma comitiva do Congresso Nacional visitou o estado depois de denúncias de violência do garimpo contra indígenas na Terra Yanomami. Aliás, a Folha de Boa Vista noticiou que o grupo chefiado por Cataratas ameaça bloquear a BR-174 por tempo indeterminado caso a Polícia Federal realize novas operações para retirada de garimpeiros da Reserva Indígena. Neste mês, a Justiça Federal de Roraima determinou que a União reforçasse medidas para a expulsão de não indígenas da Terra Yanomami.

Em tempo: O presidente do Instituto Brasileiro da Mineração (IBRAM), Raul Jungmann, afirmou ao Valor que a entidade que representa as principais mineradoras do país defende a possibilidade de exploração mineral em Terras Indígenas, mas fez “ressalvas” ao projeto de lei apresentado pelo governo federal sobre o tema. “Somos favoráveis à mineração em Terras Indígenas como diz a Constituição. Mas cobramos uma legislação que respeite os Povos Originários e, sobretudo, leve em conta a Resolução 169 da OIT, que é o compromisso livre e informado”, disse o ex-ministro da defesa do governo de Michel Temer. “No que diz respeito ao garimpo ilegal, nossa posição é vertical e cristalina: garimpo ilegal é coisa de polícia, porque destrói a vida e o meio ambiente. Não há o que se dizer além disso”.

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