A roda de conversa online está prevista para às 16h (de Brasília), desta sexta-feira, 17, com transmissão pelas redes sociais do Cimi e organizações apoiadoras da causa indígena
Prevista para iniciar às 16h, horário de Brasília, desta sexta-feira, 17, está edição da #LiveDoCimi irá realizar o lançamento do livro “Terras Indígenas não Demarcadas: Amazonas e Roraima”. Resultado de um amplo processo participativo, o livro procura resolver essa lacuna nos registros sobre Terras Indígenas nos dois estados.
Pouco se sabe sobre esses territórios ocupados por indígenas, além de que lhes falta a documentação necessária para que o Estado e a sociedade brasileira os reconheça como de posse dos povos originários. A própria Fundação Nacional do Índio (Funai) não possui as devidas e completas informações sobre essas terras.
Essa ausência de informações contribui com a invisibilidade tanto das terras como de seus habitantes, aprofundando preconceitos e discriminação. Por não possuírem o reconhecimento de seus territórios, são tratados como se não fossem indígenas.
Assim, na intenção de contribuir com informações precisas e concretas sobre essa realidade, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Regional Norte I desencadeou um processo de levantamento das terras indígenas que ainda não estão demarcadas, mas que se encontram em alguma das etapas do processo demarcatório definido pelo Estado brasileiro, na Constituição Federal de 1988.
Foram exatos 399 territórios levantados por meio da pesquisa em registros oficiais da Funai, na lista de terras indígenas com pendências nas etapas do procedimento demarcatório apontados no Relatório de Violências contra Povos Indígenas que o Cimi publica anualmente, e principalmente através de oficinas participativas de mapeamento com as lideranças indígenas nas regiões dos estados do Amazonas e Roraima.
Os “Encontros de Povos em Luta pela Terra” com a presença de lideranças indígenas foram fundamentais, também, para a construção do 1º Mapa de Terras Indígenas Não Demarcadas, que acompanha a publicação. Um trabalho, segundo o geógrafo Christian Crevels, “elucidativo e assustador ao mesmo tempo, pelas claras pressões e divergências políticas que fazem com que terras indígenas sejam ou não demarcadas”. Esbulho territorial antigo e consolidado e ocupação por povos que precisaram historicamente esconder sua identidade indígena para garantir sobrevivência foram dois fatores identificados nas regiões em que há morosidade no andamento dos processos de demarcação.
É preciso dar nome e forma a esses territórios e povos invisíveis. Um mapa vazio de povos indígenas não é apenas uma representação ingênua da realidade fundiária brasileira, mas um ataque por omissão, é uma narrativa carregada de preconceito e interesses econômicos que pretende se tornar verdade, e muitas vezes consegue, frente ao estado, à opinião pública e a sociedade civil.
A luta pela demarcação de terras indígenas necessita de conhecimento profundo sobre a realidade desses mesmos territórios. São terras e indígenas reais, mais que bandeira de luta. Enfrentam uma infinidade de conflitos e desafios, e que carregam em si também suas próprias histórias e desenvolvimentos.
Quando os povos indígenas lutam pela terra, buscam no passado seu significado e sua origem, mas o fazem em um projeto de futuro. Quando falam por quê e para quê querem a demarcação de suas terras, respondem que as querem para garantir para seus filhos e netos, para que eles também possam pescar e caçar, aproveitar as matas, para que possam crescer e desfrutar da vida e da cultura da mesma forma que seus pais e avós.
Demarcar as terras indígenas, tanto quanto uma reparação histórica de um passado de violências, é um projeto de futuro.
Confira quem participa do lançamento do livro
Christian Crevels – antropólogo formado pela Universidade de Brasília (UnB) e mestre pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Desde 2010 esteve engajado com a causa indígena, especialmente em relação ao direito à terra, interações interétnicas e história colonial da Amazônia. A partir de 2017 se dedicou diretamente ao mapeamento de demandas territoriais indígenas na abrangência do Regional Norte I do Cimi.
Maiká Schwade – geógrafo, professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia pela UFAM. Atuou na Licenciatura Indígena Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável (UFAM). É membro do grupo Dabukuri e pesquisa especialmente conflitos por terra e território na Amazônia. Também atuou na Comissão Pastoral da Terra e na Casa da Cultura do Urubuí.
Anilton Braz da Silva – indígena do povo Kokama, cacique da Aldeia Porto Praia, Terra Indígena Porto Praia, município de Tefé, Amazonas.
Joana Arapuá Wizia’aba Wapichana – vice tuxaua da comunidade Arapuá, município de Alto Alegre, região auto Cauamé, etno região Tabaio, em Roraima.
Rubemar Calisto, povo Torá – atual coordenador técnico da coordenação técnica local Humaitá- III, AM da Funai CR- Madeira. Estava como professor e cacique na época da realização da oficina de mapeamento, aldeia Baixo Grande, município de Humaitá-AM, na Terra Indígena Baixo Marmelo, território denominado na reivindicação de demarcação entre os municípios de Humaitá-AM e Manicoré.
Mediação: Gabriel Vilardi, da Pastoral Indigenista em Roraima e Cimi Regional Norte I, e Quezia Martins, da Equipe de Lábrea, Amazonas, Cimi Regional Norte I
A roda de conversa terá transmissão pelas redes sociais do Cimi e organizações apoiadoras da causa indígena.
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