Ato em Cuiabá (MT) destaca Bruno e Dom como mártires da Amazônia e cobra saída de presidente da Funai

Memória do indigenista brasileiro e jornalistas inglês, assassinados no Amazonas, ecoou pela praça Alencastro, no Centro de Cuiabá, na terça-feira, dia 21, ao som de batuques, palmas, choros, gritos e cantos

Por JURA/MT, para Página do MST

O indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalistas inglês Dom Phillips, assassinados no estado do Amazonas, permanecem vivos na memória de indígenas, lutadoras e lutadores populares. Seus nomes ecoaram pela praça Alencastro, no Centro de Cuiabá, nesta terça-feira, dia 21, ao som de batuques, palmas, choros, gritos e cantos.

Estiveram presentes em cruzes de madeira junto a outros mártires que foram assassinados ao defenderem as causas dos povos indígenas, do meio ambiente, da terra, das mulheres, da população negra, da Amazônia… João Canuto, Marielle Franco, Zé da Paes, Chico Mendes, Josimo Tavares, Dorcelina Folador, Maria Bem Vinda, Dorothy Stang, Galdino de Jesus e tantos mais.

Bruno e Dom também estavam presentes em cartazes associados a lutas populares: “Despejos no Brasil Não!”, “Defenda o SUS”, “LGBTfobia mata”, “Juventude quer viver”, “Não ao marco temporal”, “Fora, Bolsonaro”, “Reforma Agrária já”, “Basta de racismo”, “Quem mandou matar Bruno e Dom?”, “Nenhuma a menos”, “Demarcação já”, “Justiça por Bruno e Dom”.

E até no minuto de silêncio que ecoaram os nomes de Bruno Pereira e Dom Phillips, enquanto líamos numa faixa estendida no chão próxima à bandeira do Brasil: “Se calarmos, as pedras falarão!”.

Militantes e entidades que organizam a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA)/MT estiveram presentes no ato, prestando solidariedade e fortalecendo as reivindicações. 

Depoimentos

Elias Bigio, servidor aposentado da Fundação Nacional do Índio (Funai) e amigo de Bruno Pereira, falou do esforço do indigenista para mobilizar órgãos públicos a fim de garantir fiscalização no Vale do Javari, no estado do Amazonas, para impedir a ação de garimpeiros, de extratores de madeira e do comércio ilegal de peixes. E confirmou que a exoneração do indigenista em 2010 ocorreu por seu empenho na defesa dos povos indígenas isolados e recém-contatados na região. “Mesmo assim ele não parou. Atuou junto à Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) na defesa dos povos originários da Amazônia”.

“Olha o rio Cuiabá, como está acabando! Olha a fumaça no mês de agosto! Olha a Chapada dos Guimarães! Olha o Pantanal! Olha a Floresta Amazônica! Essa luta também é de vocês, não é só dos indígenas”, alertou e convocou Eliane Xunakalo, indígena Bakairi e integrante da Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt), referindo-se ao conjunto da população brasileira.   

Ela também fez um apelo para que se fortaleçam as políticas públicas quanto à defesa das/dos defensores dos direitos humanos e da terra. “Esse governo tem as mãos sujas de sangue pelas mortes de Bruno e Dom. Prova disso é o crescimento da extração ilegal de madeira, do garimpo e do agronegócio na Amazônia”, denunciou Elisa Lobato, do Levante Popular da Juventude.   

“Mas continuamos na luta contra esse governo genocida que massacra os povos indígenas, desrespeitando seus territórios sagrados. Por isso exigimos a saída do presidente da Funai (Marcelo Xavier)”, afirmou, ao microfone, Gilberto Vieira dos Santos, o Giba, representante do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Essas e outras reivindicações constam do manifesto lido na praça, que pode ser consultado no link AQUI.

Com fitas pretas nos braços (símbolo de luto) e os punhos cerrados (símbolo de luta), as/os participantes terminaram o ato público aos gritos de “Bruno e Dom, presentes!”.

*Editado por Solange Engelmann

Foto: Francisco Alves

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