As enchentes que assolaram a Bahia em dezembro de 2021 atingiram fortemente as Comunidades Quilombolas, provocando perdas de lavouras, animais e moradias que somam pelo menos R$5 milhões, informa a jornalista Luciana Rosa no Olhos Jornalismo.
De acordo com levantamento feito pelo Movimento Estadual das Comunidades Quilombolas da Bahia e pela Secretaria Estadual de Relações Institucionais, 63 comunidades foram atingidas direta ou indiretamente pelas enchentes. Vitória da Conquista registrou maior número de comunidades quilombolas atingidas pela enchente: 14, todas situadas na zona rural. Também foram atingidas comunidades de 26 outros municípios.
O físico e climatologista Alexandre Costa, da Universidade Estadual do Ceará, explicou a Janaina Neri que, com o aquecimento global, “a atmosfera mais quente é capaz de armazenar mais vapor d’água; para chegar ao ponto de saturação, mais água precisa ser retirada da superfície via evaporação ou evapotranspiração. Isso agrava as condições de estiagem com o prolongamento dos períodos de seca. Do outro lado, uma vez [estando] a atmosfera mais ’saturada‘, têm-se mais vapor d’água para se condensar, produzindo chuvas mais intensas e bastante concentradas.”
Vale lembrar que a ausência de vegetação para proteger o solo e as nascentes aumenta o risco de enchentes cada vez mais devastadoras. Questionada sobre projetos para recuperação de matas ciliares, a titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Vitória da Conquista, Ana Claudia Passos, informou que o município não tem nenhum projeto de reflorestamento na zona rural ou campanhas de educação ambiental junto às comunidades quilombolas.
Janaina de Jesus Neri elaborou esta matéria com uma bolsa de jornalismo fornecida pela parceria entre o ClimaInfo e a GIZ, agência de cooperação do governo alemão.