A gestão da educação nos últimos anos é marcada por cortes bilionários no orçamento e escândalos de corrupção
Gabriela Moncau, Brasil de Fato
Ex-ministro preso pela Polícia Federal com pastores, acusado de fazer do Ministério da Educação (MEC) um balcão de negócios, com direito a propinas em barras de ouro. Corte bilionário no orçamento depois de mais de dois anos de pandemia. Outro ex-ministro investigado pelo STF que deixa o cargo e vai, às pressas, para os Estados Unidos.
Soa como um roteiro de ficção tragicômica, mas esses episódios fazem parte da história recente da educação pública no Brasil.
Atualmente sob gestão do engenheiro Victor Godoy Veiga, o MEC anunciou, no início de junho, que vai cortar R$1,6 bilhões das verbas voltadas para a área. A notícia, que implica numa redução de 7,2% do orçamento voltado às universidades federais, a UFRJ anunciar uma vez mais que corre o risco de fechar as portas.
O corte de gastos com a educação acontece em um momento em que, a quatro meses da eleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) busca agradar servidores com um reajuste. Além das universidades federais, a tesoura vai atingir o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE); o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), autarquia responsável pelo Enem; e a Capes, que financia a pesquisa científica no país.
A desidratação orçamentária é o feito mais marcante da gestão de Godoy Veiga, que assumiu a pasta em 29 de março para tentar aplacar o escândalo de corrupção que envolve o ministro anterior da pasta, o pastor Milton Ribeiro.
Existem, aliás, muitas formas de contar a história do desmonte da educação pública durante a gestão Bolsonaro. Uma delas é passando por cada um dos quatro ministros que seu governo colocou à frente do MEC, em um período de pouco mais de três anos e meio. Quase cinco ministros, se quisermos contar a aparição meteórica de Carlos Decotelli, aquele renunciou antes de tomar posse, por terem sido revelados os acréscimos fantasiosos que ele fez ao próprio currículo.
Por meio das principais ações (ou falta delas) em cada um desses períodos, é possível evidenciar como os ataques à educação brasileira, que resiste combalida, não são ocasionais. Ao contrário, o BdF explica como são frutos de um projeto político institucional que está em curso.