“Barões do ouro” do garimpo receberam auxílio emergencial durante a pandemia

ClimaInfo

Sócios do grupo empresarial investigado por envolvimento com o garimpo ilegal em Terras Indígenas na Amazônia, com movimentação financeira na casa dos R$ 16 bilhões nos últimos dois anos, figuram entre os beneficiários do auxílio emergencial pago pelo governo federal durante a pandemia. Como informou Tácio Lorran no Metrópoles, Dionei Farias de Brito e Marcelo Alves Macedo receberam, respectivamente, R$ 4,2 mil e R$ 1,2 mil do benefício.

O caso de Marcelo Macedo é particularmente curioso. Ele é dono de três empresas, sendo que uma delas movimentou mais de R$ 7 milhões em um único ano, a despeito de não ter emitido notas fiscais entre 2017 e 2021. O irmão dele é ninguém menos que Márcio Macedo Sobrinho, vulgo “Barão do Ouro”, dono da mineradora M.M.Gold e considerado pela Polícia Federal como líder do esquema criminoso. Gerlandio, que também é irmão de Marcelo e Márcio, recebeu quase R$ 4 mil do benefício.

Outra curiosidade é que a esposa de Macedo Sobrinho, Karine, também consta na relação de brasileiros beneficiados com o auxílio emergencial, tendo recebido mais de R$ 4 mil durante a pandemia. Diferentemente da maior parte dos beneficiários dessa ajuda, dada pelo governo no auge da pandemia para ajudar na subsistência das famílias mais pobres, o casal Macedo ostenta uma vida de luxos, com helicópteros, lanchas, carros importados e mansões em condomínios fechados.

Enquanto isso, os pedidos ilegais de mineração em Terras Indígenas dispararam nos últimos meses no Mato Grosso. A maior parte das requisições feitas em maio e junho deste ano foram da Oxycer Holding, empresa sediada no Paraná e com conexões com o agronegócio. A empresa protocolou na Agência Nacional de Mineração cinco pedidos para pesquisa de exploração dentro da Terra Piripkura, totalizando mais de 33 mil hectares, além de outros pedidos na TIs Arara do Rio Branco e Kawahiva do Rio Pardo. Os pedidos foram retirados depois que a imprensa repercutiu a informação. O site Gigante 163 destacou a notícia.

Dados do Instituto Socioambiental (ISA) mostraram um aumento na taxa de desmatamento em áreas indígenas com a presença de povos isolados no MT. Entre maio e junho, 142 hectares de floresta foram derrubados, com destaque para a TI Munduruku, com 68 hectares perdidos.

Em tempo: Há sete anos, o Observatório da Mineração acompanha a situação da mineração no Brasil, sempre com um jornalismo investigativo franco, crítico e direto. Para apoiar esse trabalho, em um contexto de crise econômica e democrática, o Observatório lançou um programa de financiamento coletivo, no qual os leitores e apoiadores podem contribuir com a quantia e na frequência que quiserem.

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