O Brasil irá às urnas em outubro sem uma opção “raiz” de candidatura verde, comenta ((o)) eco, apesar da pauta ambiental ter sido uma das mais debatidas pela sociedade nos últimos anos, principalmente por conta do discurso e da ação antiambiental do atual governo.
Os quatro principais candidatos à presidência também pouco falam do tema nas suas redes sociais. Somados, Lula, Bolsonaro, Ciro e Tebet fizeram apenas 35 menções ao meio ambiente entre 1º de junho de 2021 e 1º de junho de 2022, segundo levantamento feito pelo Observatório das Eleições 2022 comentado pelo ((o)) eco em outra matéria.
De acordo com o levantamento citado e uma soma complementar para o período mais recente feita pelo site, o candidato que mais fez postagens ligadas às pautas ambientais foi Luiz Inácio da Silva (PT), com um total de 21 postagens.
O levantamento também apontou que, quando postam sobre o assunto, os quatro candidatos usam “tons genéricos e sem um posicionamento contundente, e não indicam planos, aprofundam diagnósticos ou citam caminhos para soluções.”
No que toca ao Congresso, a dificuldade é identificar quais candidatos se alinham com o tema entre os mais de dez mil postulantes à Câmara Federal, por exemplo. No Congresso em Foco, André Lima, do Instituto Democracia e Sociedade (IDS), pergunta: “Como distinguir quem realmente tem compromisso ou histórico de realização efetiva em prol de causas como meio ambiente, mudanças climáticas, biodiversidade, direitos indígenas e quilombolas, defesa das águas, reciclagem, economia verde, Amazônia, Cerrado, Pantanal, Caatinga… enfim, com o futuro sustentável do Brasil?”
O IDS tem monitorado os deputados da atual legislatura e, agora, se juntou a mais outras 25 organizações e redes da sociedade civil para construir o Painel Farol Verde. O Farol divulgará o índice de convergência ambiental (ICAt) de cada parlamentar candidato à reeleição, além de divulgar os principais projetos de lei de cada um e como se posicionaram nas redes sociais em relação aos temas ambientais.
Em tempo 1: Lula aposta em linhas de crédito verde para diminuir o desmatamento, ao mesmo tempo em que aumenta a área plantada e tenta melhorar a imagem do Brasil no exterior, informa material da Reuters divulgado pela Folha e pelo UOL. O coordenador do plano de governo petista, Aloizio Mercadante, citado no material, diz que “a transição ecológica é um eixo estruturante de todas as nossas políticas (…) Podemos abrir linhas de crédito diferenciadas para incentivar a migração para uma agricultura que sequestra carbono.”
Em tempo 2: Empresas pertencentes a deputados têm multas por trabalho sem carteira, calote no FGTS e jornada sem folga. O Repórter Brasil mostra que “pelo menos 25 parlamentares foram autuados por infrações trabalhistas entre 2011 e 2021; com patrimônio declarado de R$ 28,2 milhões nas eleições passadas, Magda Mofatto (PL-GO) é a campeã de irregularidades, revela Ruralômetro”.
Em tempo 3: Dois candidatos ao governo do Acre, Mara Rocha (MDB) e Márcio Bittar (UB), defendem reduzir a Reserva Chico Mendes e o Parque Nacional Parque Nacional da Serra do Divisor a simples APAs – Áreas de Proteção Ambiental -, e querem promover o agronegócio no estado que já foi símbolo da proteção da Amazônia. As APAs são a categoria de Unidade de Conservação com a menor exigência de preservação ambiental.
Em tempo 4: Pelo menos 175 indígenas serão candidatos nas eleições deste ano, mas apenas nove a cargos majoritários: uma candidata a vice-presidente na chapa do PSTU, dois postulantes a governo de estado, quatro para vice-governador e dois para o Senado” informa O Globo. Segundo afirmou Dinamam Tuxá, advogado e coordenador executivo da APIB a ((o)) eco, “o objetivo da bancada indígena é aldear a política, que sempre foi tomada por homens brancos, ricos e ruralistas e possuem uma agenda anti-indígena e a favor da devastação.”