Por mais que tenhamos mais vozes indígenas e de representantes ambientalistas na próxima legislatura do Congresso Nacional, não dá para tapar o sol com a peneira. Nos próximos quatro anos, a turma que defende o desmonte das regras e políticas ambientais no Brasil terá mais força para “passar a boiada” do que na atual legislatura.
O que fazer em um contexto como esse?
Primeiro, como bem lembrou Bernardo Esteves na piauí, parte importante da expectativa futura em torno da política ambiental brasileira dependerá da definição do próximo presidente da República, que vai acontecer neste 2º turno. Uma reeleição de Bolsonaro é o cenário dos sonhos da “turma boiadeira”, que provavelmente será encabeçada por ninguém menos que o boiadeiro-mor, um ex-ministro do meio ambiente do atual governo que se elegeu deputado federal por São Paulo nesta eleição.
Já uma vitória de Lula pode dar um respiro aos defensores do meio ambiente no Legislativo, ainda que isso não signifique um freio total à “pauta da destruição” empurrada pelos boiadeiros. Projetos como a flexibilização do licenciamento ambiental, a regularização da mineração e do garimpo em Terras Indígenas e o enfraquecimento da legislação para liberação de agrotóxicos podem manter alguma força na próximo Congresso, mesmo contrariando o eventual governo Lula.
“Com representantes mais qualificados e aguerridos, de ambos os lados, vai se acirrar o debate sobre a proteção da Amazônia e dos demais biomas, assim como toda a agenda socioambiental”, assinalou Márcio Santilli, do Instituto Socioambiental (ISA). “O povo brasileiro, como um todo, terá que se posicionar, para que o país possa recuperar o tempo perdido e construir um presente melhor e um futuro mais promissor para as próximas gerações”.
Em tempo: Para as futuras deputadas federais que representarão os Povos Indígenas brasileiros, o cenário pós-2022 será de lutas intensas dentro e fora do Congresso Nacional. As deputadas eleitas Sônia Guajajara (SP) e Célia Xakriabá (MG) prometem resistir às “boiadas” antiambientais e anti-indígenas com toda a força. “Vamos enfrentar, contrapor, passar de frente. Mesmo que um retrocesso seja aprovado na Câmara, não vai passar de graça. Vamos pintar o Congresso com a nossa força”, afirmou Guajajara à Deutsche Welle.