O Brasil tem três pavilhões diferentes na COP: um do governo federal, outro da sociedade civil organizada e um terceiro dos governos dos estados da Amazônia.
O atual governo diz que o país (ou melhor dizendo, seu espaço?) vai apresentar no pavilhão oficial “todo o seu potencial verde ao mundo em Sharm El-Sheik”.
Já o espaço do Consórcio de Governadores da Amazônia quer apresentar a floresta como oportunidade: “É fundamental que nós possamos mostrar ao mundo que a Amazônia é uma grande oportunidade. O Brasil precisa ser protagonista dessa agenda [climática]. Nós precisamos recuperar a nossa credibilidade e demonstrar que o Brasil quer dialogar com os demais países”, disse o governador do Pará, Helder Barbalho, à CNN.
Por sua vez, o Brazil Climate Hub, espaço da sociedade civil, quer dialogar com outros países do Sul Global e “discutir a capacidade do Brasil de liderar a transição climática justa e como desenvolver e dar escala a soluções para a crise climática a partir do Sul Global.”
“Embora apresentem ao mundo três Brasis, [os espaços] compartilham a expectativa de que o resgate da política climática pelo governo federal recupere a interlocução interna e externa na pauta do clima”, conforme relatou Ana Carolina Amaral na Folha.
Marina Silva, deputada eleita e figura chave na campanha de Lula para o segundo turno, dá sinais fortes de que a recuperação do papel histórico do país nas negociações climáticas deve mesmo acontecer: à GloboNews a ex-ministra disse que “o Brasil não vai mais para a COP na condição de país chantagista, que vai chantagear os países ricos, dizendo que só vai proteger a Amazônia se nos pagarem para isso. O compromisso do Brasil sempre foi proteger a Amazônia e os biomas brasileiros. É uma decisão estratégica, política e ética do Brasil”.
Segundo o Estadão, “a expectativa é de que [Lula] aproveite a participação nos dias finais da COP27 para reforçar ao mundo seu compromisso com a agenda ambiental”.
Em tempo: Recomendamos fortemente a leitura do artigo de Eliane Brum “Para desintoxicar de Bolsonaro, lute como floresta” publicado pela Sumaúma. Um pequeno trecho: “Não há escolha entre lutar e não lutar. Mas há, sim, escolha em como lutar. Lutemos como floresta, agarrando-nos às brechas de vida para fazer delas horizonte, usando a alegria como instrumento de resistência, imaginando o país onde queremos viver. Ocupando, como faz a natureza, todos os espaços vazios, encontrando o último sopro de vida na terra arrasada e renascendo, sabotando os agentes da morte dia após dia pela afirmação da vida. Vamos lutar con-vivendo. O que precisamos agora, como dizem os movimentos sociais da floresta, não é des-envolvimento, entendido como deixar de se envolver para servir ao mercado, mas en-volvimento. Lutar como floresta é justamente isso: se envolver radicalmente com a vida.”