Os tempos de belicismo infantil do governo com a sociedade civil estão ficando para trás. O presidente-eleito Lula utilizou esta 5ª feira (17/11) na Conferência do Clima de Sharm el-Sheikh (COP27) para restabelecer o diálogo com organizações sociais e ambientais do Brasil e reafirmar seu compromisso de priorizar a questão climática no próximo governo.
Lula também ressaltou sua preocupação em iniciar a reconstrução da política ambiental e climática do país desde o primeiro dia de mandato. “Quando eu voltar ao Brasil, vamos voltar a conversar para que a gente não perca tempo. Dezembro a gente toma posse e, em janeiro, a locomotiva já tem que estar andando para que a gente possa reconstruir o mais rápido possível”, disse durante um evento com representantes da sociedade civil.
Mais tarde, Lula conversou com grupos indígenas do Brasil e do exterior e reforçou seu compromisso em retomar a demarcação de novas Terras Indígenas, combater as invasões de reservas e o garimpo ilegal, além de criar o Ministério dos Povos Originários. O presidente-eleito também buscou distensionar sua relação com o agronegócio, ressaltando que o setor pode seguir crescendo e produzindo sem derrubar floresta. CBN, Estadão, Folha, g1, UOL e Valor, entre outros, repercutiram as falas de Lula.
“Nunca o Brasil teve uma posição como a que está sendo anunciada neste momento”, observou no Estadão o professor Eduardo Viola (UnB). “A mitigação da mudança climática, a transição energética e o controle do desmatamento são colocados como centrais na política pública brasileira e na política externa”.
Lula também vem conduzindo encontros bilaterais com representantes diplomáticos em Sharm el-Sheikh. Depois de falar com o norte-americano John Kerry e o chinês Xie Zhenhua, o presidente-eleito conversou com o vice-presidente executivo da Comissão Europeia, Frans Timmermans, principal negociador da União Europeia na COP27. “Tivemos uma longa conversa sobre oportunidades futuras para promover a cooperação entre Brasil e UE, incluindo o combate ao desmatamento e a candidatura do Brasil para a COP30”, destacou Timmermans em post no Twitter.
Por falar na COP30, a AFP informou que o presidente da França, Emmanuel Macron, celebrou a ideia de o Brasil realizar a Conferência do Clima em uma cidade amazônica em 2025. “Gostaria imensamente que pudéssemos ter uma COP na Amazônia, portanto apoio totalmente essa iniciativa de Lula”, disse o líder francês. “Apoio o retorno do Brasil a uma estratégia amazônica. Precisamos disso”. Já o Metrópoles abordou a movimentação do Pará para receber a COP30, com o governador Helder Barbalho sugerindo a capital do estado, Belém, como possível sede.