“Governabilidade” será desafio para política ambiental sob Lula

ClimaInfo

O governo Lula nem começou, mas o presidente-eleito e sua equipe já se desdobram para garantir condições políticas para aprovar projetos de interesse no Congresso Nacional, como a PEC da Transição. Esse esforço já deixa claro um dos principais obstáculos para o próximo presidente tirar do papel suas prioridades políticas, especialmente na seara ambiental: a necessidade de negociar o apoio, ainda que momentâneo, dos partidos fisiológicos do Centrão, hoje capitaneados pelo presidente da Câmara, Arthur Lira.

No site ((o)) eco, Fabio Pontes abordou como essa necessidade pode dificultar a vida do governo na tramitação de projetos ambientais, especialmente aqueles que confrontam interesses diretos do Centrão e de grupos parlamentares numerosos, como a bancada ruralista. Um exemplo disso está na declaração de apoio do PT à recondução de Lira para a presidência da Câmara na próxima legislatura – o mesmo que serviu como sócio-atleta da boiada antiambiental sob o governo de Jair Bolsonaro.

“Essa é uma das contradições [que o novo governo] vai ter que enfrentar entre o que ele prometeu e as alianças que ele está fazendo”, avaliou um observador político anônimo à reportagem. “Ele [governo] tem alianças com pessoas que são a antítese do que o governo prometeu em algumas áreas, notadamente na do meio ambiente e indígena”.

Além do equilíbrio de forças no Legislativo, o governo Lula também terá que desatar o nó da representatividade dos partidos políticos que o apoiam na composição da Esplanada dos Ministérios. Como a Folha assinalou, a expectativa é de que os partidos aliados do novo governo sejam acomodados entre 15 e 20 pastas, com um número igual ou ligeiramente inferior de ministérios ocupados por membros do PT e por indicações pessoais de Lula.

A lista de partidos aguardando por um posto no próximo governo é numerosa: vai desde PSB, PV, PCdoB, PSOL e Solidariedade, que acompanharam Lula desde o 1º turno, até siglas que entraram no barco lulista no 2º turno e depois da eleição, como o MDB, PDT, PSD e até mesmo o União Brasil (formado a partir dos antigos PSL e Democratas).

A indicação dos futuros ministros do Meio Ambiente e da pasta dos Povos Originários certamente passará por essa composição político-partidária. Mesmo a futura autoridade nacional climática, que também está causando divergências dentro da equipe de transição, pode entrar nessa equação.

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