O INPE divulgou na última 4ª feira (14/12) os dados sobre o desmatamento do Cerrado entre os meses de agosto de 2021 e julho de 2022. Uma área de 10.688 km2 de vegetação nativa foi derrubada nesses 12 meses, o que representa um aumento superior a 25% em relação ao observado no período anterior (8.531 km2). Este é o maior índice de desmate no bioma em seis anos.
O Maranhão foi o estado com a maior área de Cerrado desmatada (2.833 km2), seguido por Tocantins (2.127 km2), Bahia (1.427 km2) e Piauí (1.188 km2), estados que formam o MATOPIBA, região onde o agronegócio tem se expandido nos últimos anos. Esses quatro estados concentraram 71% do desmatamento do bioma.
O Piauí registrou o maior crescimento percentual no último ano, com alta de 104% em sua taxa de desmatamento. Altas significativas também foram registradas na Bahia (54%), Maranhão e Tocantins (24% cada). Apenas Rondônia e Mato Grosso registraram queda no ritmo de destruição do Cerrado no último ano, em margens muito pequenas – 0,12% e 6,94%, respectivamente.
Assim, o governo Bolsonaro fechará com uma taxa média anual de 8.361 km2 de desmatamento no Cerrado, ligeiramente superior ao registrado entre 2015 e 2018, sob os governos Dilma Rousseff e Michel Temer (8.250 km2). No entanto, como bem lembrou o Observatório do Clima, a gestão atual foi a única a registrar três aumentos seguidos da taxa num mesmo mandato desde o início das medições (2001).
“Precisamos mudar a trajetória do desmatamento do Cerrado urgentemente, depois de três anos seguidos de aumentos da destruição”, ressaltou Edegar de Oliveira Rosa, do WWF-Brasil. “Preservar o bioma é fundamental para manter os regimes hídricos que irrigam tanto a produção de commodities, como a agricultura familiar, e enchem reservatórios de hidrelétricas pelo país. Desmatar o Cerrado é agir contra o agro, contra o combate à fome e a inflação”.
Agência Brasil, Correio Braziliense, Estadão, Folha, g1, Metrópoles, Nexo Jornal, ((o)) eco e Valor, entre outros, repercutiram a alta no desmatamento no Cerrado. No exterior, Climate Home e Reuters também deram destaque à notícia.
Em tempo: O INPE também apresentou os resultados de um novo programa de monitoramento do desmatamento em todos os biomas brasileiros. O PRODES Brasil traz dados para Pantanal, Mata Atlântica, Caatinga e Pampa a partir de 2017, agregando também as informações de outros sistemas que monitoram há mais tempo a Amazônia e o Cerrado. Um número chamou a atenção no lançamento: de 2017 a 2021, o Brasil perdeu 108.463 km2 de vegetação; só no ano passado, a perda foi de 26.093 km2. Folha e ((o)) eco deram mais informações.