Defensoria aciona União contra retirada de carro-pipa que afeta 1,6 milhão de pessoas no Nordeste

Ação da DPU cobra do governo Bolsonaro volta de Operação Carro-Pipa; interrupção afeta 425 municípios

Redação Rede Brasil Atual

A Defensoria Pública da União (DPU) ajuizou na sexta-feira (16) Ação Civil Pública exigindo da União restabelecimento imediato do Programa Emergencial de Distribuição de Água, mais conhecido como Operação Carro-Pipa (OCP).

A DPU pede o fornecimento de água potável para a região do Semiárido nordestino e norte de Minas Gerais e Espírito Santo, enquanto for necessário. O órgão – por meio da Defensoria Regional de Direitos Humanos em Alagoas – pede ainda indenização de R$ 10 milhões por danos morais coletivos.

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Em novembro, após anúncio de cortes da Operação Carro-Pipa, que atende regiões afetadas pela seca, a Defensoria notificou os ministérios da Economia e do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) para restabelecerem a operação. O envio de carros-pipa é de competência do MDR, em geral executado pelo Exército, e tem a finalidade de abastecer cisternas.

A ação civil pede que União respeite em sua gestão orçamentária, ainda deste ano, a execução de políticas como a OCP.

Sem água

A interrupção da política pública vem prejudicando a sobrevivência de milhares de pessoas vulneráveis e residentes nos municípios alcançados pela calamidade pública. Conforme dados do Portal da Operação Carro-Pipa, em novembro, a suspensão afetou diretamente 425 municípios no Nordeste. Desse modo, prejudicou a subsistência de mais de 1,6 milhão de pessoas da zona rural.

Segundo o levantamento, são:

37 municípios em Alagoas (mais de 148 mil pessoas);
159 na Paraíba (272.990 pessoas);
105 em Pernambuco (529.660 pessoas);
34 no Ceará (147.085 pessoas);
24 na Bahia (398.723 pessoas);
45 no Rio Grande do Norte (61.080 pessoas);
13 no Piauí (41.640 pessoas) e;
8 em Sergipe (29.260 pessoas).

Créditos insuficientes

Após as recomendações da DPU, o Ministério da Economia, no dia 29 de novembro, informou que o MDR alertou, em outubro, sobre a possibilidade de suspensão das operações até o final do ano e solicitou o montante de R$ 85 milhões em suplementação. A demanda foi para análise da Junta de Execução Orçamentária. A JEO, então, aprovou, em caráter emergencial, um crédito suplementar no valor de R$ 21,4 milhões para o programa.

O MDR, na mesma data, confirmou a liberação do crédito e informou que a operação havia sido retomada no dia 28. Entretanto, com a informação de que a operação continuava interrompida em várias cidades alagoanas, no dia 5 de dezembro, o defensor público federal André Ribeiro Porciúncula encaminhou novo ofício ao MDR questionando se a suplementação seria suficiente para atender a demanda até o final de dezembro. Além disso, pediu esclarecimentos sobre quais medidas seriam providenciadas, caso o valor não fosse suficiente, e sobre a previsão de retorno da execução da operação em Alagoas este ano.

No último dia 8, o MDR respondeu à DPU apresentando documentos internos, entre eles, um despacho da Divisão de Diligências do órgão, no qual sinaliza que, como o crédito é insuficiente para terminar o ano, já teria enviado nova solicitação de suplementação ao Ministério da Economia, desta vez no valor de R$ 72.537.325,58.

Sobre o orçamento para 2023, o MDR deixa um alerta: o valor previsto na proposta remetida pelo Executivo ao Legislativo é inferior ao necessário e problemas como o que está ocorrendo agora, como falta de orçamento, devem se repetir.

Com informações da Defensoria Pública da União.

Coleta de água por caminhão pipa na região de Mimoso, no estado de Pernambuco. Foto: Alexandre Mazzo

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