OIT: com economia fraca, muitos se verão obrigados a aceitar empregos de má qualidade

Estimativa é de que o número de desempregados chegue a 208 milhões neste ano

Por Vitor Nuzzi, da RBA

Informe divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) afirma que, com a desaceleração econômica, é provável que ainda mais trabalhadores se vejam obrigados “a aceitar empregos de menor qualidade, mal remunerados e carentes de segurança trabalhista e proteção social”. O que acentuaria as desigualdades já exacerbadas pela crise da covid-19. “A necessidade de fomentar o trabalho decente e a justiça social é clara e aguda. Isso requer que todos participem para facilitar a implementação de um novo contrato social em escala mundial”, afirma o diretor-geral da OIT, Gilberto F. Houngbo.

No relatório Perspectivas sociais e do emprego no mundo: Tendências 2023, a OIT prevê aumento das ocupações em 1% neste ano, menos da metade do que no ano passado. E estima que o desemprego cresça “levemente”, em 3 milhões, atingindo 208 milhões de pessoas, o equivalente a uma taxa mundial de desemprego de 5,8%. Com a escassa oferta de empregos, o planeta continuará com aproximadamente 16 milhões de desempregados a mais do que em 2019, no período anterior à crise da pandemia.

Ao mesmo tempo, “a qualidade do emprego segue sendo uma das principais preocupações”, aponta a OIT. “O trabalho decente é primordial para garantir a justiça social.” Com isso, reforça a entidade, “muitos trabalhadores se verão obrigados a aceitar empregos de pior qualidade com frequência insuficientemente remunerados e, em alguns casos, sem as horas de trabalho necessárias”. Além disso, os preços vêm aumentando a um ritmo mais veloz do que os salários: “A crise, associada ao custo de vida, poderia aumentar o número de pessoas em situação de pobreza”.

A OIT estima em 473 milhões de pessoas o déficit mundial de empregos. São 33 milhões a mais do que em 2019. A piora reflete novas tensões geopolíticas e o conflito na Ucrânia, além de instável recuperável pós pandemia. “Tudo isso dá lugar a uma situação de estagflação, que conjuga inflação elevada e crescimento econômico insuficiente, pela primeira vez desde a década de 1970.”

Mulheres e jovens

E a situação de mulheres e dos jovens no mercado de trabalho “é particularmente adversa”, segundo a organização. A taxa de participação das mulheres na força de trabalho atingiu 47,4% em 2022, ante 72,3% dos homens. Essa diferença mostra que a cada homem economicamente inativo há duas mulheres na mesma situação.

Já os jovens de 15 a 24 anos “devem enfrentar grandes dificuldades para encontrar e manter um emprego digno”, alerta a OIT. “Sua taxa de desemprego é três vezes superior à dos adultos. Mais de um a cada cinco jovens, a saber, 23,5%, não trabalha, não estuda e não participa de algum programa de formação (geração nem-nem).”

No Brasil, a previsão para 2023 é de desemprego em toro de 9,1%. O que equivalente a aproximadamente 9,9 milhões de pessoas. No trimestre encerrado em outubro, eram 9 milhões (8,3%).

Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

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