Primeiros episódios de 2023 ouvem representantes de quilombolas, indígenas e camponeses que ocupam espaço no governo federal; programa traz uma nova seção, Brasil no Mapa, reunindo cartografias com outras perspectivas
Por Luís Indriunas, em De Olho nos Ruralistas
Lançado em setembro de 2021, o programa De Olho na Resistência estreia sua temporada de 2023 com novo visual, lançamento de uma seção e com informações sobre a presença dos povos do campo no governo Lula. O projeto do De Olho nos Ruralistas mostra as iniciativas de resistência — e de enfrentamento — de quilombolas, indígenas e camponeses ao avanço do poder econômico contra seus territórios e sua cultura. E também as resistências ambientais e por uma alimentação saudável.
No primeiro episódio, lançado em 26 de janeiro, a roteirista e apresentadora do programa, Luma Prado, conversou com o secretário de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiro e Ciganos do Ministério da Igualdade Racial, Bernardo dos Santos. Do Quilombo Campinho da Independência no Rio de Janeiro e da direção nacional da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), Santos destacou a construção de 20 anos que possibilitou esse espaço institucional.
Neste dia 02 de fevereiro, o programa destaca entrevista com o novo secretário especial de Saúde Indígena, Weibe Tapeba. Ele chega ao Ministério da Saúde tendo que resolver a questão do genocídio praticamente pelo governo Bolsonaro com o povo Yanomami — tema do programa De Olho na História em junho de 2022. O terceiro episódio será sobre os nomes de camponeses em mais de uma pasta no governo Luiz Inácio Lula da Silva e o papel deles nos próximos quatros anos.
SEÇÃO ‘BRASIL NO MAPA’ MOSTRA OUTRAS CARTOGRAFIAS POSSÍVEIS
Desde a sua estreia, o programa De Olho na Resistência foi se aprimorando e apresentando novos formatos. A seção De Olho na História — que voltará ainda neste semestre — foi desmembrada e ganhou vida própria. Nesta temporada, o formato visual ganhou mais leveza e cores a partir do projeto da editora de imagens, Vanessa Nicolav, e mais acessibilidade com a inclusão de legendas.
Sob a direção do jornalista Alceu Luís Castilho, a versão 2023 traz como novidade a seção Brasil no Mapa, onde são apresentadas cartografias dos povos do campo, sobre os povos do campo e propostas novas para representar em mapas questões referentes aos quilombolas, camponeses e indígenas. Ou sobre alimentação saudável e temas ambientais.
A seção mostrou em sua estreia o mapa multilíngue da exposição “Nhẽ’e porã: memória e transformação”, com curadoria de Daiara Tukano, e que está no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo (SP), mas também tem sua versão online. São mais de 170 línguas originárias do cartografadas, além de um mapa com territórios etnoculturais.
O segundo programa destaca o mapa produzido para o projeto Brasil Sem Veneno, um levantamento inédito do De Olho nos Ruralistas em parceria com O Joio e o Trigo, que identificou 542 iniciativas de resistência aos agrotóxicos pelo Brasil.
PROGRAMA MANTÉM REPORTAGENS E A SEÇÃO DE OLHO NA CULTURA
De 2021 até hoje, o De Olho na Resistência vem produzindo diversas reportagens abordando a luta de quilombolas, indígenas e camponeses em seus vários aspectos e diferenças. Dos pescadores do Sergipe atingidos por petrolíferas aos dos camponeses paraibanos ameaçados por barragem, do Acampamento Terra Livre à Jornada de Luta contra os Agrotóxicos, do uso da tecnologia em defesa do território às brigadas de incêndio indígenas.
Nas eleições de 2022, o programa apresentou as propostas e candidaturas alinhadas com as lutas e políticas para os povos do campo. No início deste ano, nossa equipe está ouvindo os representantes dos movimentos que começam a ocupar cargas na nova gestão.
Do seu formato inicial, a nova temporada mantém a seção De Olho na Cultura, onde são apresentados aspectos da cultura de quilombolas, indígenas e camponeses e o trabalho dos mais diferentes artistas relacionadas às culturas desses povos e suas histórias de resistência.
A viola de buriti, tradição dos quilombolas do Jalapão; o regaste da confecção do manto tupinambá cuja técnica havia se perdido ao longo do tempo, ou a história de resistência camponesa das arpilleras chilenas, que reverberam no campesinato brasileiro, foram alguns dos temas abordados. Festas como Carnaval, Boi Bumbá e a Folia de Reis, tema da primeira reportagem dessa temporada, estão no cardápio. Ainda a partir do conhecimento oriundo dessas populações, a seção apresentou técnicas como os quintais produtivos comuns nos assentamentos ou a diversidade das sementes crioulas.
Cineastas como Glauber Rocha e Nelson Pereira do Santos ou Ken Loach; compositores como Victor Jara, Mano Chao, Milton Nascimento ou Chico Buarque, e escritores como Antonio Candido ou Gabriela Mistral foram destacados pelas suas contribuições para compreensão das culturas e resistências dos povos do campo.
Para assistir a todos os episódios do De Olho na Resistência, clique na nossa playlist no YouTube.
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Imagem principal (De Olho nos Ruralistas/Agência Senado): nova temporada do De Olho na Resistência tem novidades