O Instituto Socioambiental (ISA) divulgou no mês passado um balanço do legado de devastação deixado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para os Povos Indígenas brasileiros. O livro “Povos Indígenas no Brasil 2017-2022” aborda os reflexos do pior período pós-redemocratização para a causa indígena no Brasil.
O documento destacou em particular o impacto potencial das obras de infraestrutura aprovadas e iniciadas no antigo governo. De acordo com a análise, 397 Terras Indígenas podem ser impactadas por futuras obras, como a construção de rodovias, ferrovias e usinas hidrelétricas. Assim, 2/3 dos territórios indígenas no país enfrentam o risco de desmatamento, invasão de terras e conflito fundiário decorrentes desses empreendimentos.
O risco também é grande para as comunidades indígenas isoladas. Segundo o estudo, 70% das Áreas Protegidas com a presença de indígenas isolados estão ameaçadas por essas obras, totalizando 22 áreas protegidas em risco iminente.
“As usinas hidrelétricas e as estradas são os empreendimentos que mais geram impacto ou têm maior abrangência em termos de área impactada”, explicou Antonio Oviedo, do ISA, à Folha. Entre os efeitos citados, estão o fluxo intenso de trabalhadores que chegam à região, a chegada de invasores interessados em grilar as terras, com reflexos na taxa de desmatamento e nos índices de violência nos territórios indígenas.
CBN Amazônia e Poder360 também repercutiram o estudo do ISA.
Em tempo: Na revista The New Yorker, o jornalista Jon Lee Anderson abordou os desafios do governo Lula e dos Povos Indígenas e defensores do meio ambiente para reverter o quadro desastroso deixado por Bolsonaro na Amazônia. A reportagem destacou as dificuldades enfrentadas pelos fiscais ambientais e pelas comunidades nativas, como a intensificação do garimpo, a extração ilegal de madeira, a violência contra populações indígenas e o avanço do crime organizado na cadeia criminosa ambiental.
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Acervo FUNAI