Para entender as fardas que (ainda) espreitam

Troca de governo não tirou militares da política. Sem punição ao golpismo, continuam barganhando espaço e poder. Curso da Caixa de Ferramentas analisa atuação do Partido Fardado ao longo da história do Brasil. Sortearemos 2 vagas

por Guilherme Arruda, em Outras Palavras

Se, por um lado, felizmente já não temos mais um capitão na presidência do Brasil – ainda por cima com um general de vice –, por outro, a questão militar não saiu de pauta na política brasileira. Da participação de oficiais na tentativa golpista do 8 de janeiro à interferência do Alto Comando das Forças Armadas em decisões de Estado, os fardados seguem se movimentando em prol de seus objetivos políticos de direita. Para sanar esse problema, é preciso compreendê-lo em profundidade.

O curso O Partido Fardado e a política no Brasil, da plataforma online Caixa de Ferramentas, oferece recursos para pensá-lo com o benefício da visão de longo prazo. Em dez aulas, ministradas por Pedro Marin, encontram-se as bases teóricas, históricas e conceituais de uma análise objetiva do entrecruzamento entre institucionalidade e força das armas, sabendo que ela já se expressa no Brasil há décadas e mesmo séculos.

Marin é editor-chefe da Revista Opera e autor dos livros Golpe é guerra – teses para enterrar 2016 e Carta no coturno – a volta do Partido Fardado no Brasil. Há uns bons anos suas reflexões e os escritos surgidos delas se concentram na questão militar em nosso país. Sua voz é uma das mais destacadas a destrinchá-la por um ângulo crítico no cenário jornalístico nacional. Seu trabalho até aqui mais que o credencia para assumir a tarefa de dar esse curso.

Em seus textos na Opera, Marin frequentemente recupera o nome do principal pensador a propor o conceito de Partido Fardado: o professor Oliveiros Ferreira. O autor identificou que os (muitos) oficiais que intervieram na política do Brasil desde, pelo menos, os anos 1930 não o fizeram isoladamente ou com estratégias pensadas por si mesmos.

A reconfiguração promovida pelo Ministro da Guerra Góes Monteiro nas Forças Armadas nacionais nessa década-chave para a modernização do país, pensada para criar uma “política do Exército” – em contraposição à ideia de “política no Exército”, como penetração indevida da  influência subversiva de comunistas e outros –, teve grande sucesso em lançar as bases para a consolidação de uma ideologia direitista e antipopular que orienta de generais a soldados rasos. Dos ensaios golpistas contra Vargas, JK, Jânio e Jango ao putsch de 1964, da agitação contra a Comissão Nacional da Verdade ao golpe de 2016, da atuação criminosa no governo Bolsonaro às desestabilizações promovidas contra o terceiro governo de Lula, são essas as ideias que orientam tantos atores políticos armados que trabalham contra um Brasil soberano.

Não que não tenham existido militares de esquerda, ou pelo menos democratas e nacionalistas, na história brasileira. Sim, houve. Mas, para que a “política do Exército” se apresentasse como uma única alternativa, foi necessário expurgá-los das fileiras fardadas, torturá-los e mesmo matá-los, em especial na ditadura. Assim age o Partido Fardado há quase um século – ainda sem a contraposição necessária.

O governo Bolsonaro foi um triunfo dos generais na política. Do infame tuíte de Villas-Bôas a incontáveis outras ações dos últimos anos, muito se fez durante a ofensiva do Alto Comando para eleger um governo federal para chamar de seu. Os resultados dessa administração não foram todos positivos para o avanço ulterior dessa política. Porém, não se pode criar ilusões com a derrota de Bolsonaro na eleição de 2022. Eles não bateram em retirada – operam um recuo organizado e barganham espaço na nova correlação de forças, orientando um setor de seu campo a acenar com um suposto “legalismo”, a exemplo de Tomás Paiva.

É preciso ter clareza nas tarefas políticas do momento. Sem punição para os militares envolvidos na intentona de 8 de janeiro, nas ilegalidades flagrantes do governo Bolsonaro, e mesmo nos crimes ainda impunes da ditadura – em outras palavras, se prosseguir a conciliação com o Partido Fardado –, perderemos uma chance histórica de enfrentar com firmeza essa perigosa ameaça política. Se teremos militares envolvidos na definição do curso da vida nacional, que seja em outros marcos.

O curso de Pedro Marin na Caixa de Ferramentas é uma oportunidade especial de se aprofundar na bagagem conceitual que fundamenta suas análises sobre a questão militar no Brasil ontem e hoje. Sua visão sobre o assunto é mesmo única, e de grande valia para os interessados em uma outra concepção de política, orientada por um realismo que não perde de vista a orientação decidida de construir um país soberano e socialmente justo.


Em parceria com a plataforma online de cursos Caixa de Ferramentas, sortearemos duas vagas no curso O Partido Fardado e a política no Brasil entre os apoiadores de Outras Palavras. Se você já quiser comprar o curso, nossos leitores têm direito 10% de desconto: basta inserir o cupom outraspartidofardado10!

As inscrições no sorteio serão aceitas até a próxima quinta-feira, 20/4, às 14h – o formulário de participação será enviado por e-mail para os leitores que dão uma contribuição decisiva para a manutenção do nosso jornalismo. Se você gostaria de participar, acesse apoia.se/outraspalavras/ e escolha um plano correspondente.

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CURSO: O PARTIDO FARDADO E A POLÍTICA NO BRASIL

PROFESSOR: Pedro Marin, jornalista, editor-chefe da Revista Opera e autor dos livros Golpe é guerra – teses para enterrar 2016 e Carta no coturno – a volta do Partido Fardado no Brasil

CARGA HORÁRIA: 10 horas

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