Rosa Weber pauta julgamento sobre redes sociais para a semana que vem

Iniciativa da ministra se dá no mesmo dia em que Telegram promoveu disparo em massa de notícia falsa acusando PL das Fake News de “censura”

Por Redação RBA

A ministra e presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, marcou o julgamento de ações sobre o Marco Civil da Internet para o próximo dia 17, quarta-feira da semana que vem. A definição se dá em meio ao impasse da votação do PL das Fake News na Câmara e às pressões das gigantes de tecnologia, que têm disseminado fake news contra a proposta relatada pelo deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

Na semana passada, o ministro Dias Toffoli liberou para a pauta de julgamentos do plenário da Corte uma ação que trata da regulação das redes sociais. Ele é relator do recurso extraordinário que discute a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014).

O dispositivo isenta as plataformas de responsabilidade pelos danos causados por conteúdos que distribuem, mesmo sem regras ou checagem anterior. De acordo com a lei em vigor, os provedores só poderão ser responsabilizados quando não removerem conteúdo ilícito segundo ordem judicial específica.

Instituições x Telegram

Não é coincidência que Rosa Weber tenha pautado a análise do caso no mesmo dia em que o Telegram promoveu disparo em massa de uma notícia falsa aos seus usuários. A plataforma atacou o Projeto de Lei 2630/2020, o PL das Fake News, classificando-o como “censura” e afirmando que vai “acabar com a liberdade de expressão”. Esses são literalmente os argumentos bolsonaristas.

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Congresso e o Ministério Público reagiram ao ataque. O STF faz o mesmo ao pautar o tema. O ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social (Secom), afirmou que “medidas legais serão tomadas”. “Empresa estrangeira nenhuma é maior que a soberania do nosso País”, disse.

O Ministério Público Federal em São Paulo deu dez dias para o Telegram explicar ataque. E o relator do PL das Fake News na Câmara disse que a empresa abusa de seu poder no mercado. “É inaceitável a tentativa de pôr de joelhos o Parlamento brasileiro”, afirmou Orlando Silva.

Extrema-direita quer tumultuar

A apreciação do caso pelo Supremo é mais um em que a Corte deve ser acusada pela extrema-direita brasileira de “legislar” e invadir a competência do Legislativo. Caso emblemático foi a decisão do STF, de abril de 2020, quando os ministros decidiram que estados e municípios tinham competência, junto com a União, para adotar medidas no combate à pandemia de covid-19.

A decisão, tomada por unanimidade, foi usada por Jair Bolsonaro, durante todo o resto de seu mandato, para acusar o tribunal de impedi-lo de governar e, assim, alimentar o sentimento de ódio contra o STF. O tribunal foi a instituição atacada com maior fúria pelos terroristas no dia 8 de janeiro.

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