‘New York Times’: símbolos nazistas minam apoio a exército da Ucrânia

Jornal norte-americano diz que simbologia ligada à extrema direita corrobora com a propaganda russa, que defende “desnazificar” o país vizinho

RBA

São Paulo – Após mais de um ano e três meses do início da invasão russa à Ucrânia, o jornal The New York Times descobriu finalmente que há nazistas lutando do lado ucraniano. Reportagem publicada ontem (5) pelo prestigioso jornal norte-americano afirma que “a presença de emblemas nazistas nos uniformes de algumas tropas ucranianas leva o país a correr o risco de alimentar a propaganda russa”.

O governo russo classifica o conflito não como uma guerra, mas uma “operação militar especial”. O objetivo declarado da operação é “desmilitarizar” e “desnazificar” o país vizinho. Desmilitarizar significa anular a ameaça representada pela tentativa de aproximação da Ucrânia com a Otan. Além disso, Moscou acusa Kiev de promover um “genocídio” contra as populações de origem russa que vivem no leste do país, na região do Donbass. Assim, os ataques contra as populações etnicamente russas são promovidos principalmente por grupos nazistas que operam dentro das Forças Armadas ucranianas.

Nesse sentido, o The New York Times cita três fotos “aparentemente inocentes” postadas pelo governo da Ucrânia e por aliados da Otan que revelaram o uso de símbolos nazistas por soldados ucranianos. As imagens foram deletadas, “mas destacam a complicada relação dos militares ucranianos com símbolos da Alemanha nazista, uma relação construída a partir da ocupação soviética e alemã do país durante a Segunda Guerra Mundial”, diz o periódico.

Cabeça da Morte e Sol Negro

Como exemplo dos símbolos nazistas encontrados, a reportagem cita o Totenkopf, utilizado por diversos soldados. O emblema traz uma caveira e ossos cruzados, também conhecido por “cabeça da morte”. Outro símbolo presente entre as tropas ucranianas é o Sol Negro. Adotado pelo general alemão Heinrich Himmler, diretor da SS durante o regime de Adolf Hitler, o Sol Negro é, até hoje, uma das iconografias mais populares entre grupos neonazistas e supremacistas brancos. Além do sentimento antirusso, os nazistas ucrânianos também defendem pontos de vista hostis à esquerda, a movimentos LGBTQIA+ e a minorias étnicas.

“Cada fotografia onde aparecem militares ucranianos com uniformes carregando insígnias que fazem alusão à Alemanha nazista deixa diplomatas, jornalistas ocidentais e grupos de defesa em uma posição difícil: chamar a atenção para essa iconografia corre o risco de jogar a favor da propaganda russa. Não dizer nada permite que ela se espalhe”, afirma o The New York Times.

Extremos e armados

Do mesmo modo, o jornal lembra que unidades como os Lobos Da Vinci e o Batalhão Azov começaram como grupos de extrema direita. Posteriormente, o Exército da Ucrânia incorporou esses grupos às suas fileiras. O próprio presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, chegou a comparecer no funeral quando o comandante dos Lobos Da Vinci foi morto, em março.

Quando o líder do Batalhão Azov foi capturado, após o grupo nazista ter se entrincheirado na siderúrgica Azovstal, em Mariupol, no sul da Ucrânia, há pouco mais de um ano, ele foi retirado do local em um “veículo blindado especial”. De acordo com o Ministério da Defesa russo, as medidas de proteção foram adotadas para evitar que a população de origem russa tentasse puni-lo com as próprias mãos. O ódio dos moradores de Mariupol se deve às atrocidades cometidas pelo grupo na região.

Ainda em 2014, antes da guerra, grupos nazistas também foram responsáveis pelo que ficou conhecido como Massacre de Odessa. Na ocasião, os militantes da extrema direita queimaram vivos 42 manifestantes na Casa dos Sindicatos. Assim como Mariupol, Odessa é outra cidade ucraniana com população majoritariamente russófona.

Soldado ucraniano entrincheirado posa para foto ostentando símbolo nazi conhecido como “Cabeça da Morte”. Foto: Twitter

 

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