Nos últimos anos sirene foi acionada 4 vezes; Anglogold diz que estrutura está “segura e estável”
Ana Carolina Vasconcelos, Brasil de Fato
“Dissimulada e enganadora”, avalia Roseni Aparecida Ambrosio, moradora do município de Santa Bárbara, na região Central de Minas Gerais, sobre a postura da Anglogold Ashanti, em relação ao aparecimento de novas trincas na barragem Córrego do Sítio II (CDS II). Segundo informações da Defesa Civil do município, uma das rachaduras na estrutura possui mais de 300 metros de comprimento e aproximadamente dois centímetros de largura.
A atingida, que é militante do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), critica o fato da mineradora não reconhecer os riscos e não garantir condições mínimas de segurança e dignidade para as famílias da região.
“A Anglogold retira nosso ouro, lucra milhões, não garante condições dignas para os trabalhadores e degrada a vida das comunidades, essa é a postura da empresa, destruir para lucrar, enganar para não reparar”, avalia Roseni.
Em nota, publicada no dia 2 de junho, a empresa afirmou que a barragem está “segura e estável”. Além disso, ela afirma que “as trincas continuam sendo monitoradas constantemente”.
Nos dias 23 e 25 de maio, a Agência Nacional de Mineração (ANM) inspecionou a estrutura da CDS II.
Histórico de pavor
A dor de cabeça dos moradores da região não começou com o surgimento dessa trinca. Nos últimos anos, as sirenes da barragem foram acionadas equivocadamente quatro vezes. Entre os motivos, está a erosão de partes da estrutura.
“Em menos de 2 anos tivemos 4 acionamentos de sirenes de maneira equivocada, diversos despejos de metais pesados no rio, quase tombamento da pilha de rejeitos à seco, descarrilamento da pilha de estéril e nenhuma medida de reparação foi realizada para as comunidades”, relembra Roseni.
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Em outubro do ano passado, a estrutura, que abriga um volume de rejeitos semelhante ao da barragem da Vale que rompeu em 2019 em Brumadinho, foi classificada como nível 1 de alerta, após o surgimento de uma trinca com 12 centímetros de largura e 60 metros de comprimento.
A moradora de Santa Bárbara acredita que a postura da Anglogold deveria ser outra, com mais transparência e rapidez na resolução dos danos causados às famílias devido a atividade da mineradora no território.
“Queremos transparência e comunicação de confiança com maior rapidez por parte da empresa. Garantia das indenizações e reparação integral pelos constantes impactos causados pela barragem e demais estruturas da mineradora, além do descomissionamento célere da estrutura e desassoreamento do Rio Conceição”, destaca Roseni.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Elis Almeida