Transição ecológica pode ser a grande marca do governo Lula, diz Haddad

ClimaInfo

Mais de 100 ações a serem desenvolvidas em quatro anos fazem parte do Plano de Transição Ecológica criado pelo Ministério da Fazenda e apresentado ao presidente Lula na 6ª feira (7/7). Isso inclui a regulação do mercado de carbono e a exploração de terras raras, segundo o ministro Fernando Haddad. Para ele, a iniciativa se trata de algo “mais abrangente” que um programa.

“Nos bastidores do Ministério da Fazenda tinha uma estrutura trabalhando para mapear todas as oportunidades que o Brasil tem como vantagens competitivas. Para modernizar a nossa infraestrutura produtiva. Então, isso vale para a infraestrutura, para a geração de energia limpa, para a atração de investimentos estrangeiros que querem produzir produtos verdes e transformar isso numa marca do Brasil”, explicou Haddad, em entrevista ao podcast O Assunto, do g1, repercutida por Correio Brazilienseepbr e InfoMoney.

O ministro reforçou que a questão socioambiental será a grande marca do governo Lula, destacam Carta Capital e Rede Brasil Atual. Por isso, o plano inclui, na área energética, geração eólica e solar, hidrogênio verde e biocombustíveis. Outro ponto importante, de acordo com Haddad, será o marco regulatório da mineração. Um dos focos é a exploração de lítio, mineral usado em baterias, de acordo com o UOL.

As ações serão validadas por Lula “uma a uma” e a “maior parte dos investimentos virá do setor privado”, disse Haddad. Com isso, o governo federal pretende “criar uma infraestrutura jurídica e um ambiente de negócio propícios ao investimento verde”. O governo federal também está com “um ‘roadshow’ programado para empresas que queiram receber selo de ‘net zero’”, frisou o ministro, segundo o Valor.

Para Ilana Szabó, do Instituto Igarapé, o plano de transição ecológica do governo é a chance do Brasil de pegar o último trem rumo ao clube dos países de renda alta do planeta. Segundo ela, embora não disponha dos recursos financeiros de Estados Unidos e Europa, o Brasil tem lastro para alavancar outras formas de financiamento. Além da abundância de recursos naturais – o que, por outro lado, exige responsabilidade nas decisões.

“Para o Brasil atingir a neutralidade de emissões até 2050 e realizar seu potencial de liderança global na economia verde, precisará avançar em todos os setores – sem apego ao passado ou ao status quo. Terá que decidir o que quer: ser um país de vanguarda que concluiu uma transição integral e coerente, que desponta em produção e exportação de produtos verdes de alto valor agregado, ou a última grande economia ‘suja’, que fornece insumos para a pequena demanda remanescente da velha economia às custas dos seus recursos naturais e biodiversidade, e de conflitos sociais cada vez mais intensos. São cenários bem diferentes”, explica Szabó, em artigo na Folha.

A redação do ClimaInfo parabeniza Haddad, mas demanda que o plano seja implantado junto com medidas sérias de mitigação dos impactos socioambientais das eólicas, da mineração de lítio e de outros minerais estratégicos e de outras propostas ainda não publicizadas. Ficaremos de olho.

ROBERTO CASIMIRO / FOTOARENA / ESTADÃO CONTEÚDO

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