‘Tem ministros que não são trocáveis’, diz Lula em referência a Nísia Trindade

Em cerimônia de sanção do Mais Médicos, presidente reforça sinalização de que Nísia permanecerá à frente da Saúde

Rafael Tatemoto, Brasil de Fato

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou mais uma vez que a ministra da Saúde, Nísia Trindade, deve permanecer à frente da pasta. A fala ocorreu durante a cerimônia de sanção da lei aprovada pelo Congresso com base em Medida Provisória enviada pelo Planalto e retoma o programa Mais Médicos.

“Eu tenho muito orgulho de escolher a Nísia como ministra da Saúde. Foi o [Alexandre] Padilha que trouxe a Nísia para conversar comigo. Todo dia eu leio notícias sobre troca de ministros. Tem ministros que não são trocáveis. Tem funções que são escolhas pessoais. A única chance dela sair é ela não cumprir a função dela”, disse ele.

A pasta da Saúde é um dos alvos do chamado centrão, que deseja maior presença na Esplanada dos Ministérios. Lula já havia sinalizado de que Nísia não sairia no ato de encerramento da Conferência Nacional da Saúde. Por outro lado, o presidente afirmou que as relações com o Congresso foram normalizadas e que a composição do parlamento, como fruto do processo eleitoral, deve ser respeitada.

Retomada

O Mais Médicos tem previsão de 15 mil novas vagas em 2023. Além disso, nesta retomada o programa deve fazer reserva de vagas para profissionais que sejam pessoas com deficiência e que pertençam a minorias étnico-raciais.

“Eu queria lembrar você que quando o Padilha criou o Mais Médicos, eu não imagina que alguém fosse capaz de acabar com programa. Era uma coisa tão importante, que eu não imaginava que um presidente pudesse dizer ‘nós vamos acabar’, sem dizer o que iria colocar no lugar”, disse Lula, em referência a seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).

“Tudo isso foi tirado com a maior desfaçatez. Esse ato é, na verdade, a afirmação de que nesse país, definitivamente e para sempre, o dinheiro que se coloca na saúde não pode ser visto como gasto, mas como investimento”, completou.

Nísia Trindade reforçou que a retomada do programa era uma reivindicação de diversas autoridades locais. “Considero realmente um grande avanço conquistar a aprovação da Medida Provisória. Onde íamos pelo Brasil ouvíamos o clamor pela retomada desse programa. Prefeitos e prefeitas, independente de orientação política. É um programa para o Brasil. Mais de 1,2 mil municípios aderiram”, explicou.

Na ocasião, o ministro da Educação, Camilo Santana, também afirmou que o novo modelo do Mais Médicos permitirá o abatimento de dívidas com o FIES daqueles profissionais que aderirem ao programa e que se formaram com o modelo de financiamento educacional. Para aqueles que optarem pela adesão e realizarem residência em medicina de família e comunidade, o abatimento poderá chegar a 100%.

Edição: Nicolau Soares

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