Sim! Pochmann tem lado!, por César Locatelli

O descaso com os trabalhadores, com o clima, com as mulheres, com o Brasil estão entre suas preocupações centrais

Redação Jornal GGN

A coordenação dos ataques a Márcio Pochmann nos abre a possibilidade de ampliar o conhecimento sobre seu pensamento e a identificação clara dos interesses do grupo que quer macular sua reputação. O descaso com os trabalhadores, com o clima, com as mulheres, com o Brasil estão entre suas preocupações centrais.

Seguem 10 exemplos de tweets e artigos publicados por ele neste mês.

1 “Subdesenvolvimento não se improvisa, é obra de séculos, dizia Nelson Rodrigues. Só com planejamento, o Brasil poderia associar a expansão da safra agrícola com silos suficientes para armazenar, assim como definir a aplicação produtiva, não só rentista, das reservas externas.

A hora dos bancos públicos chegou. Para além de financiar a safra agrícola, o BB poderia avançar na formação de uma grande trading de comercialização externa de commodities. Em 2023, por exemplo, super safra agrícola não encontra silos suficientes, comprometendo o Brasil potência.” (Twitter: @MarcioPochmann, 21 de julho)

2 “Direção do banco central indica a terceirização na gestão de ativos financeiros para grupos privados, possivelmente estrangeiros. Globalização neoliberal segue solta no banco central independente.” (Twitter: @MarcioPochmann, 21 de julho)

3 “Do ponto de vista de gênero, as mulheres têm 23% menos probabilidade de ter acesso à Internet do que os homens. Essa divisão existe mesmo em países com alta penetração da Internet. No Iraque, 98% dos homens podem se conectar à internet, mas apenas 53% das mulheres conseguem.” (Twitter: @MarcioPochmann, 18 de julho)

4 “Governo Lula abre nova perspectiva de retomada da industrialização nacional atendendo prioritariamente o andar de baixo da sociedade. Pela aproximação com a tecnologia chinesa, o Brasil dá um passo para superar o desleixo com o homem simples do campo. Importante papel do MST. Acordo com a China permite que a agricultura familiar enfrente o histórico processo de desigualdade na mecanização e acesso tecnológico, pois 88% dos ocupados trabalham manualmente ou com ajuda de animais. No NE, com 50% da agricultura familiar do país, só 1,5% têm maquinário.” (Twitter: @MarcioPochmann, 18 de julho)

5 “Não dá para fazer só o que os ricos querem. Os trabalhadores ao se organizarem também sabem pressionar pelo quinhão devido. Em julho, 106 anos da greve geral de 1917 que desafiou as oligárquicas da República Velha e 40 anos da greve dos petroleiros de 1983 que compeliu a ditadura.” (Twitter: @MarcioPochmann, 8 de julho)

6 “Atualmente, após o longo percurso da desindustrialização, as bases da moderna sociedade urbana e industrial encontram-se arruinadas, com as metrópoles do país concentrando atrasos da pobreza, desemprego e violência. Uma verdadeira síntese da cara do Brasil forjado pelo novo sistema jagunço a dominar pelo fanatismo religioso e pelo banditismo social as multidões de sobrantes sem destino que vagueiam nas periferias dos centros urbanos desmetropolizados. Em contrapartida, avança a modernidade na forma de enclaves econômicos cada vez mais conectados ao exterior com o turismo e, sobretudo, o agrarismo exportador.’ (O Brasil que mostra a sua cara. No site Terapia Política, 9 de julho)

7 “Subdesenvolvidos nos anos de 1980, o Brasil e a China entraram diferentemente na globalização. O Brasil internalizou a ‘doença holandesa’ com altos juros atrativos de moeda externa a valorizar o real e favorecer a desindustrialização.

A formação das reservas externas no Brasil foi tardia, só nos governos do PT, porém substancial para evitar na atualidade, as graves crises do balanço de pagamentos que atormentaram o país nas décadas de 1970 e 1990. Diferente das vias venezuelana e argentina, por exemplo.

A China se afastou da ‘doença holandesa’, pois sem juros altos e moeda não valorizada, permitiu se industrializar e a constituir reservas externas que chegam a mais de US$ 6 tri, com mais de US$ 3 tri ocultos. Usa parte disso para favorecer o seu sistema produtivo interno/externo

Caminhos distintos tomados no passado recente explicam a realidade diferenciada do presente nos dois países. Por isso, o Brasil pode fazer escolhas diferentes hoje para um futuro superior ao presente.” (Twitter: @MarcioPochmann, 4 de julho)

8 “Para Oxfam, os países ricos do G7 devem aos países de baixa e média renda US$ 13,3 trilhões em ajuda não paga e financiamento para ações climáticas, embora exigem dos países do Sul Global US$ 232 milhões por dia em pagamentos de dívidas até 2028.” (Twitter: @MarcioPochmann, 3 de julho)

9 “(…) o curso da Divisão Internacional do Trabalho se assenta no retomo às condições de produção e reprodução do subdesenvolvimento. Pelo deslocamento do antigo centro dinâmico do Ocidente para o Oriente, acontece a reconfiguração periférica dos países em novas bases, permeada pela desigualdade econômica e pela emergência climática.

Nos dias de hoje, contudo, a prevalência do enorme desequilíbrio relacionado à repartição da renda, riqueza e poder se relaciona ao avanço da própria desordem em dimensão global. O seu enfrentamento, ademais de urgente, precisa ocorrer em nova base geopolítica e econômica mundial.

Isso dificilmente ocorrerá de forma espontânea. A redefinição geopolítica é parte das tarefas que o Brics pode e deve perfeitamente conduzir neste final do primeiro quarto do século 21. Para tanto, o desenvolvimento deve ser alcançado sem que se reproduza de forma desigualmente combinada.” (Pochmann: Sinais da mudança de época. No site Outras Palavras, 3 de julho)

10 “Assim como o trabalho análogo à escravidão tem recorde na atualidade do Brasil, 135 anos depois de implementada a Lei Áurea, as cadeias no país parecem equivaler ao horror da época colonial.” (Twitter: @MarcioPochmann, 2 de julho)

Foto: Guilherme Santos/Sul21

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