Comissão do Senado aprova marco temporal, mas ida ao plenário deve ocorrer só após decisão do STF

Mesmo com texto aprovado em comissão, Senado pode aguardar conclusão da votação do Supremo Tribunal Federal sobre marco temporal antes de mandar projeto ao plenário.

ClimaInfo

A Comissão de Agricultura do Senado aprovou na última 4ª feira (23/8) o projeto de lei (PL) 2.903/2023, que estabelece um marco temporal para restringir os direitos de demarcação de terras para Povos Indígenas. O parecer da relatora, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), foi aprovado por 13 votos a 3 e agora segue para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.

O texto não fez qualquer alteração na proposta aprovada pela Câmara dos Deputados em maio passado. Na época, a aprovação do PL foi vista como uma provocação e manobra de pressão dos deputados sobre o STF, que retomaria dias depois o julgamento sobre a constitucionalidade do marco temporal. Agora, ao menos por enquanto, os senadores não parecem estar dispostos a repetir esse roteiro.

De acordo com o Metrópoles, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pretende estender a tramitação da proposta em outras comissões da Casa, de forma a dar tempo ao STF para retomar e concluir a votação sobre a tese ainda neste ano. A expectativa é de que o julgamento seja retomado no começo de setembro, antes da saída da presidente do Supremo, ministra Rosa Weber.

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, também defende uma tramitação mais cautelosa do PL no Senado. “O que estamos articulando e defendendo é que a tramitação siga o rito normal da Casa, que é passar nas comissões de mérito. Passou na Comissão de Agricultura, que era totalmente a favor do PL, então é justo que passe pelo menos nas comissões de Direitos Humanos e Meio Ambiente, onde a gente pode construir um diálogo e debater o projeto”, disse à Agência Pública.

De fato, o projeto aprovado na Comissão de Agricultura no Senado tem brechas sérias que podem permitir atividades problemáticas em territórios indígenas, como garimpo, agropecuária, hidrelétricas e empreendimentos de não indígenas. A Folha sintetizou os problemas do PL e o risco que ele pode representar aos Povos Indígenas caso seja aprovado no Congresso.

A aprovação do PL do marco temporal na Comissão de Agricultura do Senado foi amplamente abordada na imprensa, com manchetes na Agência BrasilCNN BrasilCorreio Brazilienseg1((o)) ecoO Globo e Valor, entre outros.

Sofia Lisboa / Mídianinja

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