América do Sul dividida entre explorar mais petróleo e proteger o meio ambiente

ClimaInfo

Contraste entre  posições do Brasil, pró-exploração de petróleo, e Colômbia e Equador, contrários aos combustíveis fósseis, expõe divisão das nações do continente sobre o tema.

A pressão de parte do governo brasileiro pela exploração de petróleo na foz do Amazonas, enquanto a Colômbia, com o presidente Gustavo Petro, e o Equador, por decisão da população, tentam frear a extração de combustíveis fósseis no bioma amazônico expõe a crescente disputa de visões sobre preservação e desenvolvimento da região num contexto de mudança climática. A Amazônia é compartilhada por oito países e um território francês. E todos, com exceção da Guiana Francesa, produzem petróleo e gás fóssil no bioma, detalha o Nexo.

Tratada por alguns como garantia de prosperidade econômica, a atividade petrolífera tem sido cada vez mais questionada por seus danos sociais e ambientais. Não à toa, foi motivo de disputa na Cúpula da Amazônia, que reuniu líderes de países da região no início de agosto. A Declaração de Belém, documento final do encontro, não mencionou o fim dos “combustíveis fósseis” em suas 113 propostas, embora tenha deixado um canal aberto para discutir o tema.

A coordenadora de projetos do Instituto ClimaInfo, Carolina Marçal, reconhece que os países do chamado Sul Global, entre eles a Colômbia e o Equador, estão entre os menores emissores de carbono, relatam DWUOL e IstoÉ Dinheiro. Mas a especialista ressalta que “o ônus e as consequências da crise climática são compartilhados por todos os habitantes do planeta de forma injusta. Então, querendo ou não, todos nós temos o dever de tomar ações e medidas.”

O fato é que a exploração de petróleo na Amazônia causa conflitos dentro do próprio governo brasileiro. Na semana passada, a Advocacia Geral da União (AGU) emitiu um parecer tentando agradar a ala governamental que quer perfurar um poço de petróleo na foz do Amazonas, supostamente para “solucionar controvérsias”, disse à CNN Jorge Messias, chefe do órgão. E o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, voltou a dizer que “não é razoável” o país deixar de explorar petróleo, de acordo com a Veja.

Enquanto isso, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, reforçou que a decisão sobre a licença para perfuração na foz do Amazonas é do IBAMA – o que irritou a cúpula da AGU, segundo o UOL, embora seja o que diz a lei. E em defesa do órgão ambiental e de Marina, associações de servidores da área de meio ambiente divulgaram nota repudiando o parecer da Advocacia Geral da União, destacam ((o))eco e Jornal Opção.

Na 4ª feira (30/8), a Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados vai receber a ministra Marina Silva em uma audiência sobre a exploração de petróleo na foz do Amazonas, informa a Agência Câmara de Notícias. O presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho, também foi convidado pelos deputados – que querem discutir ainda o licenciamento de projetos de geração e transmissão de energia elétrica.

Nádia Pontes

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