Terra Indígena mais devastada do Brasil desde 2018, o território Apyterewa, no Pará, tem assistido indefesa ao avanço da ocupação ilegal por pecuaristas e garimpeiros.
Lojas, igrejas, escolas e até mesmo um posto de gasolina. Essas estruturas foram construídas nos últimos anos por invasores dentro da Terra Indígena Apyterewa, no Pará, debaixo do nariz do poder público federal e com apoio de lideranças políticas locais. A situação é tão absurda que estimativas da Polícia Federal indicam que existem mais invasores (cerca de mil) do que indígenas (730) dentro do território.
Os dados foram destacados pelo Intercept Brasil. A TI Apyterewa foi homologada em 2007, durante o segundo mandato do presidente Lula. Com 773 mil hectares, a reserva pertence ao povo Parakanã. No entanto, desde 2018, o território vem se notabilizando pelo ritmo de desmatamento, tornando-se a Terra Indígena mais devastada dos últimos anos em todo o Brasil.
A destruição recente coincide com a leniência da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que se refletiu no desmonte da fiscalização ambiental e indígena. Ao mesmo tempo, lideranças políticas locais também se aproveitaram desse vazio para se beneficiar das riquezas dessas terras.
Um dos casos mais emblemáticos é o do prefeito de São Félix do Xingu, João Cleber de Souza Torres. Defensor do garimpo, com diversas denúncias de grilagem e até mesmo assassinato, ele foi superintendente da FUNAI no Pará no governo anterior antes de se eleger prefeito.
Agora, essas forças políticas locais vêm tentando pressionar o governo do presidente Lula a adiar uma operação de desintrusão na Terra Apyterewa. De acordo com a Agência Pública, mais de 300 servidores de 14 órgãos públicos estão prontos para iniciar a retirada dos invasores, mas a ação prevista para iniciar nesta semana vem enfrentando a oposição de prefeitos e até mesmo do governo do Pará.
–
Lalo de Almeida/Folhapress