Seca na Amazônia: governo anuncia R$ 138 milhões para dragagem de rios

Além de dragagem nos rios Solimões e Madeira, governo e Caixa vão antecipar pagamento do Bolsa Família e do BPC para moradores de regiões atingidas.

ClimaInfo

Diante da seca extrema que vem afetando a Amazônia, o governo federal e a Caixa vão antecipar o pagamento do programa Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) aos beneficiários que moram em regiões afetadas pela estiagem no Amazonas. O anúncio foi feito pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que liderou a comitiva ministerial que esteve no estado e sobrevoou várias áreas atingidas pela seca na 4ª feira (4/10).

A antecipação do auxílio abrange os 55 municípios amazonenses que tiveram estado de emergência decretado pelo governador do estado, Wilson Lima. Moradores poderão sacar os valores em 19 de outubro, independentemente do Número de Identificação Social (NIS), explica o Metrópoles.

Na 3ª feira (3/10), o vice-presidente já havia anunciado outras medidas de enfrentamento à seca na região, como a dragagem de rios, que vai receber R$ 138 milhões, informam O GloboCorreio Braziliense e Poder 360. A primeira delas vai ocorrer no rio Solimões, no trecho de 8 km entre Benjamin Constant e Tabatinga, no valor de R$ 38 milhões, e deve ser concluída em 30 dias. A segunda será na chegada da foz do rio Madeira, em um trecho de 12 km, ao custo de R$ 100 milhões, que deverá ser finalizada em 45 dias.

Dados da Defesa Civil do Amazonas mostram um agravamento da estiagem e uma aproximação da situação a momentos extremos de seca em rios que são o coração dessa porção da Amazônia, destaca a Folha. Esses números e análises de institutos de pesquisa e monitoramento apontam uma estiagem próxima dos extremos no alto e médio rio Solimões, no baixo rio Negro (onde está Manaus) e no rio Madeira. São nessas regiões que estão as consequências mais visíveis da seca até agora.

Comunidades ficaram isoladas em Tabatinga e Benjamin Constant, no alto Solimões. No lago Tefé, no médio Solimões, mais de 120 botos e tucuxis morreram em dez dias. Em Manaus, a orla do rio Negro está interditada. E no curso do Madeira, a hidrelétrica Santo Antônio – a quarta maior do país – suspendeu as operações devido à baixa histórica do nível do rio.

A estiagem afeta pelo menos 500 mil pessoas, segundo estimativa do ministro da Integração Nacional, Waldez Góes, destacada pelo Valor. E, segundo o Valor, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, ressaltou que o impacto ambiental da seca na Amazônia é “tremendo e assustador”.

“Estamos fazendo uma ação emergencial em relação aos botos e tucuxis que estão sendo ferozmente atingidos, não só pela mortandade em função da estiagem [pelo menos 110 animais morreram até o fim de semana passado]. Mas também porque alguns rios ficam com quantidade de água muito baixa e estão sendo feridos pelas embarcações que continuam passando em alguns trechos”, explicou Marina.

VejaValor e Carta Capital também noticiaram a ida da comitiva do governo federal ao Amazonas e medidas contra a seca na região.

Em tempo: O governo estuda acionar termelétricas a óleo diesel na Amazônia por causa da crise hídrica provocada pela seca extrema, informaram na 3ª feira (3/10) o vice-presidente, Geraldo Alckmin e o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. O acionamento será tratado com o Operador Nacional do Sistema (ONS) e seu objetivo é evitar apagões na região, informam ValorPoder 360 e Jovem Pan. Se vigorar, a medida deverá encarecer as contas de luz em todo o país, já que a energia gerada a diesel é bem mais cara do que a das hidrelétricas e seus custos são divididos entre toda a população, por meio da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Sem falar no impacto ambiental, por causa das altas emissões de gases de efeito estufa com a queima de diesel fóssil. Segundo Alckmin e Silveira, desde julho o governo vem estocando diesel para abastecer sobretudo Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC), após alertas da Agência Nacional de Águas (ANA) sobre a possível baixa dos rios.

Seca Lago Tefé Bruno Kelly/Reuters

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