Hugo Ferreira Loss, chefe de fiscalização do IBAMA, teria sido um dos alvos do programa espião utilizado pela ABIN para espionar adversários do antigo governo.
A Polícia Federal está investigando se integrantes da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) espionaram Hugo Loss, que encabeçou operações contra madeireiros e garimpeiros ilegais na Amazônia durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A suspeita é de que ele tenha sido alvo do programa First Mile, obtido pela ABIN para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários do antigo governo. A notícia é do jornal O Globo.
Hugo Loss colecionou antipatias na gestão Bolsonaro, a começar pelo próprio ex-presidente. A realização de ações de fiscalização contra madeireiros na Amazônia desagradou o antigo mandatário, que chegou a prometer que tomaria providências para evitar novas operações, em especial a apreensão e destruição de maquinários. Um ex-ministro do meio ambiente da gestão passada também atuou, junto com o ex-presidente do IBAMA Eduardo Bim, para enfraquecer os esforços de fiscalização e reduzir significativamente o número e a abrangência das ações antidesmate.
“Se comprovado, esse fato se configura como mais um capítulo do processo de aparelhamento e desestruturação das instituições e de perseguição que os servidores públicos do meio ambiente sofreram durante o governo Bolsonaro”, disse Loss a’O Globo. “Fiquei 414 dias impedido de ir para a Amazônia após as ações de combate ao garimpo e grilagem em Terras Indígenas”.
Em tempo: A Polícia Civil de Roraima expediu um mandado de prisão contra o ex-senador Telmário Mota sob a acusação de ter ordenado o assassinato de Antônia Araújo de Sousa, mãe de uma filha dele, em 29 de setembro em Boa Vista. Os agentes não localizaram o ex-parlamentar, que estava foragido até o começo da noite de ontem.
Telmário foi um dos principais defensores da política antiambiental do governo Bolsonaro no Congresso, defendendo interesses de madeireiros e garimpeiros na Amazônia. Ele chegou a apresentar um projeto de lei que proibiria a destruição de maquinário utilizado por criminosos ambientais pelos órgãos de fiscalização.
Em 2021, Telmário também foi alvo do inquérito que acusava um ex-ministro do meio ambiente do governo Bolsonaro de crimes ambientais, organização criminosa e advocacia administrativa ao favorecer um esquema criminoso de venda de madeira de origem ilegal.
g1 e O Globo, entre outros, repercutiram a notícia.
–
PF